A Reconquista (2000)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 1

Massacrado como o pior filme do ano pela crítica americana, desprezado pelo público que o rejeitou, este "A Reconquista", ou melhor dizendo "Campo de Batalha: Terra", foi tão destruído por várias razões. Vamos a elas: 1) O filme é baseado num livro de Ficção científica antigo e com 819 páginas, best-seller de Ron Hubbard - que teria vendido cinco milhões de cópias -, que foi roteirista de fitinhas classes C em Hollywood antes de inventar a chamada Cientologia, ou Dianetics, uma espécie de religião-lavagem cerebral, à la Reverendo Moon, que tem entre seus seguidores Tom Cruise, Kirstie Alley e principalmente John Travolta e sua esposa Kelly Preston.

A organização, famosa por sua ação mafiosa e controle absoluto que tem sobre seus clientes celebridades, também os protege (por isso que correm boatos fortes sobre os casamentos arranjados de Travolta e Cruise, para protegerem uma possível homossexualidade). De qualquer forma, eles são perigosos e incansáveis, detestados pela imprensa e perseguidos (na Alemanha nem podem entrar como organização). É evidente portanto que o filme fosse massacrado de qualquer forma pelos seus opositores.

2) Fazer um filme baseado no livro muito extenso, era um velho sonho de Travolta, que investiu pesado nesta fita, produzindo-a com amigos (e certamente dinheiro deles). Colocou até a mulher em ponta como Chirk (não dá nem para reconhecer no meio daquela gente horrível de feia e aquela maquiagem pavorosa). Reservou para ele o papel de vilão central, um tal de Teri, de tal forma que os desavisados não serão capazes de o reconhecer. Pior que isso, está é uma de suas piores interpretações, tem momentos que fica difícil perceber se é comédia ou é para levar a sério sua criação.

3) A infelicidade começa já nos nomes (por exemplo, o planeta dos invasores que dominam a Terra chama-se Psychlos, como em psicótico ou coisa que o valha). Depois na escolha do elenco, não apenas Travolta, que está ridículo com aquela presilha no nariz (eles precisariam disso para respirar, fácil portanto seria tirá-la e matá-los), mas principalmente com o cabelo todo cacheado como jamaicano. Como herói tiveram a infelicidade de escolher o feio e nada carismático Barry Pepper (que tem cara adequada para bandidosou assassinos) que veio de "O Resgate do Soldado Ryan". Do resto do elenco fica difícil falar porque nunca se viu tanta gente feia, suja, irreconhecível, estragada, repulsiva, nem a mocinha tem maiores chances.

4) O argumento é particularmente ruim embora tenham adaptado apenas uma primeira parte do livro, mudando vários conceitos mas acrescentando um diálogo risível e um enredo banal e por demais explorado. Numa Terra após-apocalipse (houve uma invasão de Extra Terrestres que destruíram tudo em nove minutos e os humanos são raças em extinção, os poucos que sobraram são escravos que trabalham em minas). Mas o nosso herói vive numa montanha em Aspen, Colorado, de onde foge Deus sabe porque (aliás ele não acredita em Deus) para descobrir os invasores e liderar uma revolta.

Nada faz muito sentido ou tem maior lógica. Por exemplo, Travolta faz o vilão chefe da Segurança dos invasores, corrupto e cruel mas ambicioso. O filme nos faz crer que para os Ets o ouro ainda teria algum valor (por que e para quê?) e por causa dele, o herói recebe informações privilegiadas que irão ajudá-loa provocar a revolta. Portanto, como trama o filme está no nível daqueles seriados dos anos 30 e 40 estilo "Flash Gordon".

5) Os chamados efeitos especiais não são nada especiais nem mereciam ser chamados de efeitos. Embora a fita tenha sido feita por Roger Christian ("Nostradamus") que feza segunda unidade do "Star Wars: Episódio 1", ou seja das cenas de ação. Ele obrigou a edição a ser bastante rápida principalmente no começo para não se prestar muita atenção nos detalhes cenográficos (porque a direção de arte é pavorosa). Os ditos efeitos ficam ainda piores na parte final quando tambémnão há muito sentido na facilidade com que encontram bombas atômicas, aviões e tentam derrubar a cúpula que protege os Ets e mesmo o planeta deles (os planos gerais então são obviamente desenhos, o orçamento não deveter sido muito alto).

Enfim, uma fita ruim o suficiente para comprometer a carreira de Travolta (novamente). Não me cansou ou irritou como outros filmes ruins. É apenas uma fitinha C daquelas que se fazem as dezenas para o vídeo. A burrice ou fanatismo foi mesmo de Travolta, que não deveria de forma alguma ter se envolvido nesta besteira. Nem por fé ou lealdade.