A Senha - Swordfish (2001)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 4

Este foi o filme mais injustiçado do verão norte-americano de 2001 (teve uma carreira mediana de bilheteria nos EUA, onde os críticos nãoo apoiaram) sendo dos filmes de ação (action-adventure) o melhor daquela safra.

Tem pelo menos um começo realmente extraordinário e que no futuro certamente irá se tornar "cult". A fita se abre com John Travolta (que adotou novamente o visual que utilizou em "Pulp Fiction", o filme que salvou sua carreira) fazendo um veemente discurso contra a má qualidade do cinema americano atual e depois tentando provar isso ao elogiar o clássico "Um Dia de Cão" (Dog Day Afternoon, 1975) de Sidney Lumet, com Al Pacino, em que ele é um ladrão de bancos que se vê cercado pela polícia. Mas também dizendo que o personagem fez a coisa errada e depois provando isso, numa cena realmente espetacular (e violenta mas não realista tem mais jeito de"Matrix") em que literalmente explode com suas vítimas.

A fita então dá um breque e retoma sua ordem cronológica. O herói da história é feito pelo australiano Hugh Jackman. Travolta faz o bandido Gabriel Shear, de quem temque se aproximar um famoso "hacker" Stanley Jackson (Jackman). Ele não quer voltar à vida de crime mas Travolta o obriga ameaçando a ex-mulher (atriz pornô) que está cuidando da filha pequena dele (que também corre perigo). É assim que se arma todo o conflito: Travolta tem planos mirabolantes lhe pagando dez milhões de dólares para primeiro lhe fazer um teste (tem 60 segundos para entrar no sistema do Departamento de Defesa americano) e depois para um outro plano ainda mais audacioso de roubar dinheiro sujo transferindo bilhões para uma conta sua (justamente durante esse assalto ao banco).

Mas a fita é feita com muita habilidade pelo diretor Dominic Sena (que apesar de ter feito o fraco "60 Segundos") é um premiado realizador de comerciais, e produzida por Joel Silver ("Máquina Mortífera", "Duro de Matar", "Matrix") talvez o melhor desse gênero. O roteiro de Skip Woods (que dirigiu a fita esperta "Thursday/ Quinta-feira violenta", em 1998) é bem inteligente, cheio de surpresas e reviravoltas (uma delas é descobrir que a parceira de Travolta interpretada por Halle Berry na verdade é uma agente disfarçada do FBI).

Obviamente uma fita desse tipo deve ser assistida como uma grande aventura estilizada, culminando com uma surpresa ao final (uma seqüência que prefiro não descrever aqui mas já ficou famosa e segundo os especialistas é inteiramente possível, sendo que parte dela realmente foi feita para valer, não apenas em computação gráfica, CGI). Mas "A Senha" pretende apenas divertir e acho que consegue isso, trazendo Travolta novamente à forma num personagem "larger than life/ maior que avida", como dizem os americanos, como aliás é todo vilão que se preze.