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Ficha completa do filme

Comédia

A Taça do Mundo é Nossa (2003)

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 1
A Taça do Mundo é Nossa

Foram mais de dez anos planejando a estréia do grupo humorístico "Casseta & Planeta" no cinema. Mas nem parece. O roteiro é fraco, as piadas infelizes e de mau gosto. O resultado foi um inesperado fracasso de bilheteria apesar da forte campanha de marketing (e do filme ter sido produzido pela prestigiosa Conspiração Filmes, com um de seus diretores Lula, irmão de Chico Buarque de Holanda, na realização).

Não faltou a Organizações Tabajara apresentando o filme. "A Taça do Mundo é Nossa" começa bem no espírito da época, primeiro o certificado de censura - congele a imagem porque tem piadinhas de duplo sentido (aliás, o próprio cartaz é parecido com a arte dos pôsteres do grupo "Os Trapalhões" e daquele período em geral). Depois vem um letreiro explicativo e em seguida um cine-jornal dos anos 70.

O enredo é sobre o roubo da taça Jules Rimet, do tricampeonato da seleção brasileira no México. Mas não tem nada a ver com a história real, aquela de que os ladrões acabaram derretendo o troféu. O filme começa exatamente no dia da final contra a Itália. Depois uma tentativa semifrustrada de atentado a uma churrascaria (os Cassetas não perderam a oportunidade de mexer com a questão da masculinidade do gaúcho), três jovens se unem e formam um grupo revolucionário de extrema esquerda que é radicalmente contra a ditadura.

Só o líder do bando é um idealista, o estudante comunista Wladimir Illitch Stalin Tsé Tung Guevara (Bussunda). Os outros não estão nem aí: tem o vegetariano maconheiro Denilson (Helio de La Pena, que fuma tudo que vê pela frente) e o aspirante a cantor da jovem-guarda Peixoto Carlos (Hubert, que vive acusando todo mundo de plágio, principalmente o "Rei" Roberto Carlos).

Os três são acompanhados pela desinibida Lucy Ellen (Maria Paula), filha do general Mirandinha (Cláudio Manoel), um dos que estão no poder e que se mostra um tremendo bunda-mole (quem comanda tudo é a sua esposa Dolores, feita por Marcelo Madureira). E são perseguidos pelo General Manso (Beto Silva), um dos únicos militares linha-dura da história; e Dona Julieta (Reinaldo), a mãe de Wladimir (Bussunda), que insiste em chamá-lo pelo seu nome verdadeiro, Frederico Eugenio, e achá-lo em tudo quanto é canto para que ele vista um casaquinho vermelho de crochê, bordado com a foice e o martelo, para que ele não se resfrie.

Já deu pra perceber que são todos personagens inéditos e que é um filme de longa-metragem mesmo, com começo, meio e fim, diferentemente das esquetes do programa que vai ao ar todas as Terças-feiras na Rede Globo. Também não tem figurinhas conhecidas como Seu Creysson, Maçaranduba ou os policiais Fucker & Sucker.

O resultado é abaixo da crítica. Embora seja bastante ousado em satirizar grosseiramente a Ditadura, raramente as piadas são engraçadas. E os humoristas nunca foram grandes atores. Fica uma sensação de mal-estar, talvez por brincarem com tortura e momentos lamentáveis de nossa história. Mas tudo é uma questão de ponto, e o filme erra na fervura. Simplesmente não é tão engraçado quanto se podia esperar.

Tem participações dos Tri-campões Mundiais Carlos Alberto Torres e Jairzinho. A participação especial de Tom Cruise com um saco na cabeça só tem graça mesmo no trailer. Apenas como curiosidade, o filme era para se chamar "Abaicho a Ditadura". Depois virou "A Tassa do Mundo é Noça" (reparem que em ambos há erros grosseiros de português, assim como faz o personagem de Bussunda). Por fim optaram pela grafia certa. Depois de um final apocalíptico, eles fazem uma sátira a uma entrevista coletiva de imprensa culminando com a explosão de um crítico de cinema. Só que o feitiço virou contra os feiticeiros.

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