Um filme "menor" de Alfred Hitchcock nunca é desinteressante. "A Tortura do Silêncio" mostra uma curiosa variação do tema predileto do diretor, o homem acusado de crime que não cometeu.
Aqui os elementos religiosos e a notável atuação de Montgomery Clift dão novas nuances ao tema, assim como a fotografia sombria. O próprio Hitchcock assumia que o resultado final havia ficado excessivamente pesado e controverso, mas o filme preservou sua atualidade e ainda é intrigante.
Hitchcock nunca gostou muito do filme que rodou no Canadá, não se deu bem nem com a estrela que lhe foi imposta, Anne Baxter (ele queria a sueca bergmaniana Anita Bjork), muito menos com Clift. Também teve problemas com a censura, que não permitiu que ele desenvolvesse o romance do padre com a moça.
Na verdade, tocar no assunto do segredo da confissão naquela época, em que a Igreja Católica mantinha a Legião de Decência e tinha força na indústria do cinema, foi uma ousadia.
Hitchcock faz sua pontinha habitual no fim dos créditos, cruzando o alto de uma escada. Feito em locações, o que também que era raro na época, marcando muito a indústria canadense.
A edição em DVD traz como extras o making of "Confissão de Hitchcock": Revendo a Tortura do Silêncio e imagens da pré-estréia canadense do filme. Faz parte da caixa "Coleção Alfred Hitchcock".