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Ficha completa do filme

Aventura

A Volta ao Mundo em 80 Dias (1989)

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 3
A Volta ao Mundo em 80 Dias

Edição especial (para coincidir com a estréia da nova versão estrelada por Jackie Chan) do clássico premiado com Oscars de Melhor Filme, Direção de Arte, Montagem, Fotografia, Trilha, Roteiro Adaptado. Embora na apresentação digam que ganhou também Diretor, na verdade o vencedor foi George Stevens ("Assim Caminha a Humanidade"), já que o verdadeiro autor do filme é o produtor Michael Todd (1909-58, ele mandou embora depois de uma semana o diretor John Farrow, que começou a rodagem). Ainda assim, foi um sucesso mundial, tendo sido exibido em road show (apenas num cinema durante mais de um ano) e fartamente promovido, até a morte prematura de Todd, num acidente de avião em 1958 quando estava casado com Elizabeth Taylor. Assim ele fez apenas um filme e por ele fez fortuna e ganhou o Oscar.

A fita sai em edição especial em dois DVDs, em cópia restaurada e confirma suas falhas. Como Todd antes tinha participado da criação do Cinerama e do primeiro filme com aquele sistema de três câmeras, ele fez coisa semelhante aqui. Começando tudo em tela bem pequena, com o jornalista Edward Murrow falando do autor Jules (Julio) Verne, mostrando cenas de "Da Terra a Lua" para depois cortar para um foguete contemporâneo que apresenta imagens da Terra vista do alto. Só depois que virá a introdução musical (esta cópia tem a ouverture, a música do intervalo/entr'acte e também do final).

O filme introduziu o conceito de Cameo (as legendas cheias de erros falam em camafeu, na verdade não há tradução): que são participações especiais de astros famosos em papéis muito pequenos. Assim Todd reuniu amigos de várias partes do mundo para participarem do filme, às vezes sem ganharem nada, geralmente em pontas muito fracas e mal aproveitadas. Já que a produção da fita foi uma luta contra as dívidas e credores. Hoje em dia há problemas: o ritmo é lento demais (e reparem que na viagem de navio, há um corte para uma cena de mar, sem a menor lógica). Na verdade, parece um travelogue (um documentário turístico) para mostrar a viagem de balão pelo interior da França (muito ajudado pela excelente orquestração da trilha musical). Ao lado de cenas autênticas, há momentos muito falsos em estúdio (como os de Hong Kong), um roteiro muito falho e o desperdício do grande astro humorístico mexicano Cantinflas. Ele era famoso na América Latina, por criar um tipo bem mexicano, com as calças caídas e uma fala enrolada (aqui fala inglês, as calças estão quase normais e não tem nenhuma graça. Seu maior charme é lutar numa tourada sem dublês - já que era mesmo toureiro - e andar de avestruz). Ele era muito melhor do que o filme mostra nesta sua primeira produção internacional (só fez mais um Pepe, para depois retornar a seu país e fama).

Como o filme apresentava um novo sistema de lentes e película (de 65 milímetros), além de um sistema de som estéreo, quase todas as cenas são feitas com lente grande angular, ou seja, em plano geral o que pode ficar muito chato se sua televisão tiver tela pequena. Ainda que tenha maior nitidez do que o normal na época. De qualquer forma, a narrativa é cheia de tropeços, menos divertida do que deveria e ainda prejudicada por uma absurda escolha de Shirley para viver uma princesa índia (o miscast do século) que fala inglês britânico perfeito. Mesmo Niven tem pouco a brilhar. Foi o último filme do alcoólatra Newton (que faz o detetive Mr. Fix). A edição é muito boa.

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