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Ficha completa do filme

Musical

Agora Seremos Felizes (1944)

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 5
Agora Seremos Felizes

Sai a versão restaurada deste clássico musical (embora nos EUA tenha sido lançado com quatro outros musicais de Judy Garland). Criado especialmente para o cinema, na época em que o diretor Minnelli ainda não era casado com Judy (21 anos). Na verdade, o romance dos dois teria começado com a fita (onde ele teria sido muito exigente e assim a conquistado).

Outra versão mais chocante diz que os dois foram pressionados a se casarem, para esconder o homossexualismo de Minnelli e os problemas emocionais de Judy. Eles se casaram um ano depois das filmagens e tiveram a filha Liza.

O filme chegou a virar show de teatro primeiro em 1960, depois em 1989, que chegou a estrear na Broadway, com George Hearn, Betty Garrett, Charlotte Moore. Foi indicado ao Oscar de Arranjos Musicais. Leon Ames foi dublado nas canções pelo próprio produtor da fita, Arthur Freed e Mary Astor por D. Markas.

O futuro diretor Charles Walters foi o diretor dos números de dança. Margaret O'Brien ganhou nesse ano um Oscar especial em miniatura por seu trabalho. Esta é a obra-prima de Minnelli, uma homenagem ao estilo chamado de "americano", ou seja, a visão nostálgica do passado das famílias tradicionais.

Mas o bom gosto do diretor na direção de arte, na fotografia, nos figurinos, em todos os detalhes e enquadramentos, nunca esteve mais evidente do que aqui. A fita é um primor de requinte e delicadeza. Sua criação obviamente foi inspirada pelo sucesso no palco de uma peça com tema parecido ("Nossa vida com Papai"/ "Life with Father"). Mas resultou ainda melhor.

A família Smith enfrenta durante o ano as pequenas crises domésticas, a maior delas sendo a possível mudança para outra cidade. As filhas são diferentes, a mais velha Rose (Bremer, muito parecida com Bette Davis) apenas deseja se casar. Esther (Judy) desenvolveu uma paixão pelo filho do vizinho (o estreante Drake num papel que era para ser de Van Johnson) e Tootie (a adorável O'Brien vive em seu mundo de fantasia de criança). Há ainda Agnes (Carroll) mais moleca e menos importante. E também a empregada (a comediante Marjorie Main).

Narrado por estações do ano, o filme tem alguns momentos notáveis, nem sempre musicais. A direção da seqüência em que Margaret é forçada a ir assustar o vizinho durante o Halloween é uma obra-prima de suspense. O romance está presente no momento suave em que Judy e o vizinho John apagam os lampiões.

Mas sem dúvida, os números musicais também se tornaram imortais, Judy falando do "Boy Next Door", depois dançando com Margaret ("Under the Bamboo Tree"), depois consolando-a no Natal ("Have yourself a Merry Little Christmas") e ainda a mais famosa, "The Trolley Song" (que Judy canta num bondinho).

Emocionante e perfeito como um quadro de época, infelizmente pouco conhecido no Brasil, é uma prova do incrível bom gosto de Minnelli (quando lhe davam o projeto certo). A boa edição com capinha especial tem dois DVDs, um deles com filme (em cópia linda), apresentado por Liza Minnelli (atual, legendado) e comentário em áudio auxiliar do biógrafo de Judy, John Fricker, com depoimentos anteriormente gravados de Margaret O'Brien, o roteirista Irving Brecher, compositor Hugh Martin, filha de Arthur Freed, Barbara Saltzman (não é legendado em português). Tem um segundo disco, somente de extras.

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