Aguirre - A Cólera dos Deuses (1973)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 4

Este foi o filme que revelou o diretor alemão Werner Herzog e seu ator preferido, Klaus Kinski, com quem tinha uma conturbada relação de amor e ódio. Embora tenha se baseado em fatos reais, não teve a menor intenção de fazer um filme histórico, acrescentando elementos de pura imaginação ou simplesmente deslocados em seu contexto.

Aguirre é o segundo em comando, que se rebela contra Ursua e se proclama Imperador de Eldorado. Um dos temas principais do filme é a rebelião, pois Aguirre se rebela contra a Coroa da Espanha, mas também contra o próprio Deus. Na verdade o assunto interessa a Herzog apenas de passagem, mostrando em pequenos flashs, a paixão, o desejo incestuoso pela filha, o maquiavelismo do comportamento de seu herói. Com poucos diálogos - mas criticando a Igreja Católica, cúmplice dos conquistadores, Herzog nunca mostra claramente os agressores e a cada momento pressente-se na natureza um perigo mortal.

Kinski com sua figura torturada e sofrida ajuda a tornar Aguirre um filme importante. O elenco traz atores brasileiros como Armando Polanah e o diretor Ruy Guerra, que interpreta Don Pedro de Ursua. Rodado no Peru, o filme tem uma narrativa lenta como o fluir das águas do Amazonas.

Diretor e astro retornariam à mesma região para filmar "Fitzcarraldo", de 82. Foi premiado como Melhor Filme Estrangeiro pelo Sindicato dos Críticos Franceses e Melhor Fotografia na Alemanha e no National Society of Film Critics, nos EUA.

É um absurdo que na capa haja um erro de português tão grosseiro com o título, onde está grafado Deuses com "z".