UOL Entretenimento Cinema

Ficha completa do filme

Comédia, Romance

Alguém tem que Ceder (2003)

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 3
Alguém tem que Ceder

Fez inesperado sucesso de bilheteria no Brasil esta comédia endereçada ao público feminino. É muito louvável se fazer o elogio da mulher madura, o que eu concordo plenamente. Há muitas mulheres que hoje tem 60 anos e que são certamente muito mais interessantes, belas e sedutoras do que a maior parte das jovens (digo e provo: Irene Ravache, Joana Fomm e Betty Faria, para calar a boca de qualquer argumento).

Pois é, a diretora e roteirista Nancy Meyers - de "Do que as Mulheres Gostam", com Mel Gibson - resolveu partir para demonstrar isso com esta comédia (o título é o mesmo da fita inacabada de Marilyn Monroe, mas não há outra relação, tampouco com a famosa canção homônima). E deve ter razão, porque o filme fez muito sucesso nos EUA, provando que ainda existe um público adulto que vai ao cinema e que nem toda fita tem que ser débil mental.

Bom, nem por isso porém é uma maravilha. O filme dá uma grande chance para Diane Keaton, que é uma das poucas mulheres de Hollywood que não fez uma plástica e isso fica claro no seu rosto caído e murcho. Ela que nunca foi especialmente bonita, virou uma senhora que não esconde a idade.

No entanto, todo mundo passa o tempo todo no filme dizendo que ela é maravilhosa, linda, charmosa, adorável e sedutora. Mas a gente nunca vê isso, porque o roteiro esqueceu de lhe dar essas cenas. A Diane que se vê é uma mulher insegura, às vezes até chata, confusa, desastrada, complicada, insegura.

Dizem que é uma dramaturga premiada e inteligente (mas não mostram cenas de sua obra para comprovar isso, o que vemos é ela chupando situações da vida real para usar no texto). Parece aquela velha teoria de que se você repetir muito uma coisa, ficar repisando um fato, as pessoas acabam acreditando.

E no filme, Diane tem uma casa na praia para onde vai a filha (a talentosa Amanda Peet, cada vez melhor) com seu namorado novo, um milionário da indústria fonográfica feito pelo grande Jack Nicholson. E bota grande nisso. O homem é uma fera, todo mundo já sabe disso. Mas a novidade é que consegue se renovar, faz caretas novas, não tem vergonha de fazer chanchada rasgada, até pelado aparece (aliás Diane também, ainda que rapidamente).

Está mais uma vez fantástico e merecia outra indicação ao Oscar (que lhe negaram). Até porque é ele que levanta o nível do elenco, e mesmo Keanu Reeves, famoso canastrão, está direitinho (ele faz um médico que se apaixona por Diane, sem se incomodar com a idade ou as rugas dela, como se na vida fosse assim tão fácil). E Frances McDormand, sempre maravilhosa tem poucas cenas.

Diane ganhou prêmios pelo filme (levou Globo de Ouro, foi indicada ao Oscar), que é bem engraçado, só que mais por Nicholson do que por ela. Mas basicamente é uma comedia romântica para a terceira idade (tive pudor de chamá-la de geriátrica).

Compartilhe:

    Siga UOL Cinema

    Sites e Revistas

    Arquivo