Alice não Mora mais Aqui (1974)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 4

Ellen Burstyn estava no auge do sucesso por causa de "O Exorcista", quando escolheu este roteiro feminista de Robert Getchell. Por sugestão de Copolla, chamou para dirigir o então pouco conhecido Scorsese (seu filme anterior, "Caminhos Perigosos", só virou cult posteriormente).

Foi o primeiro trabalho em grande estúdio do diretor, que inicia o filme de forma brilhante, em tela de formato antigo, num cenário propositalmente artificial, mostrando um set de Monterey, como se fosse um momento de "O Mágico de Oz" avermelhado, ao som da canção "You'll Never Know", cantada por Alice Faye.

Vinte e sete anos depois, a outra Alice cai na real, quando o marido morre e ela tem que cuidar do filho pequeno, sem ter maiores habilidades. Essa dona de casa suburbana se torna cantora (má) de lounges, e depois garçonete de uma lanchonete.

O filme ganha clima de road-movie quando ela e o filho passam por diversas aventuras e descobertas. Uma delas é uma menina rebelde, feita pela muito jovem Jodie Foster, que já tinha cara de rapazinho. Scorsese estava em plena forma, sabendo usar os movimentos de câmera e até mesmo a chamada "cor psicológica".

Um tipo de filme que ele não mais repetiu, mas que está entre seus melhores trabalhos. Ellen Burstyn ganhou o Oscar de Melhor Atriz e o filme teve ainda indicações para Atriz Coadjuvante (Diane Ladd) e Roteiro Original. E inspirou a série de tevê de muito sucesso "Alice". Laura Dern estréia numa pontinha não creditada como uma menina tomando sorvete. Faz parte do Box "Coleção Martin Scorsese".