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Ficha completa do filme

Comédia Dramática, Cult, Ficção Científica

Almas à Venda (2009)

Sérgio Alpendre

Sérgio Alpendre

Colaboração para o UOL 14/01/2011
Nota: 2

Desde a popularização do Sundance Institute como a meca do cinema independente americano temos visto uma série de filmes que parecem uniformizados com o padrão estético de lá. É como se fosse impossível dissociar esses filmes do lugar que os produziu ou os ajudou a produzir.

''Almas à Venda'' é mais um caso dessa padronização nociva a esse tipo de cinema. Nociva porque a sensação de déjà vu é imensa. No caso, a lembrança mais óbvia é a de ''Quero Ser John Malkovich''.

Em ambos parte-se de uma situação impossível para explorá-la de maneira naturalista, e ambos utilizam um ator interpretando ele mesmo.

No caso de ''Almas à Venda'', porém, há uma diferença: ao contrário de Malkovich, Giamatti é o protagonista da trama, apesar de seu nome não constar no título do filme.

Passemos, então, à história: sentindo o peso do personagem de ''Tio Vânia'' (de Chekov) nas costas, Giamatti apela para um laboratório que armazena almas. Não só, ele também disponibiliza almas de doadores anônimos do mundo inteiro, para quem quiser trocar de alma.

Giamatti tira a sua, e descobre que ela tem o tamanho de um grão de bico. Como não consegue viver sem alma, arrisca pegar emprestado a alma de um poeta russo desconhecido. Enquanto isso, sua alma é roubada do depósito. Obviamente, ele vai querer recuperar a própria alma, e para isso terá de lidar com o tráfico de almas russos. Sim, tráfico de almas.

Nada contra ideias absurdas, mas essa parece absurda demais, não?

Os atores, surpreendentemente, não parecem constrangidos diante disso, mas estão todos abaixo do que podem. Emily Watson como a mulher de Giamatti está no piloto automático, como parece estar sempre, mas um tantinho a mais. David Strathairn parece ter descido uns dez degraus desde sua reaparição em ''Boa Noite Boa Sorte''. E o próprio Giamatti faz uma caricatura de alguns tipos que interpretou no cinema.

O que se salva? Algumas belas imagens de São Petersburgo e uma cena final que parece pertencer a outro filme, pois ilustra muito bem a necessidade de se ter uma alma, para sentir, receber, dar, em suma, viver.

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