Amor da Minha Vida (1940)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 2

Um dos filmes menos vistos de Fred Astaire (1899-1987), e também dos menos memoráveis. Realizado pela Paramount, traz Astaire dançando pouco e fazendo par romântico com Paulette Goddard (1911-90), uma dançarina apenas passável e que faz só um rápido e despretensioso número com ele (mas ela tinha charme, beleza e vivacidade).

Mas o problema mesmo é o fraco roteiro, que se limita a estender uma única situação, a disputa de dois trompetistas semi-amadores recém saídos da faculdade (eles são dublados por dois craques, Bobby Hackett e Billy Butterfield. Eles são respectivamente Astaire e Burgess Meredith, que hoje é mais lembrado como o Pingüim da série de TV dos anos 60, "Batman"), que brigam e trapaceiam o tempo todo para conquistar Paulette e entrar na banda de Artie Shaw (band-leader do Swing, falecido em 2004, muito famoso até por ter sido casado com Ava Gardner, Lana Turner e Evelyn Keyes).

As piadas são fracas, Astaire não parece especialmente interessado e é duro acreditar nos dois como estudantes recém formados (Astaire aos 41 e Meredith aos 32), ainda que o roteiro tente disfarçar o fato mostrando-os como repetentes contumazes. Na verdade o grande charme do filme é a música do clarinetista e band-leader Shaw (que, em seu único papel no cinema, interpreta a si próprio), que valeu ao filme indicações aos Oscars de Trilha Musical e Canção (para "Love Of My Life").

O filme foi um dos maiores fracassos comerciais e de crítica de Astaire, e justamente no ano em que sua então já ex-parceira Ginger Rogers, com quem ele tinha uma relação competitiva e não exatamente de amizade, ganhava o Oscar de Melhor Atriz por Kitty Foyle. Curiosidade: na vida real quem ganhou a disputa por Paulette foi Burgess Meredith, que casou com ela em 1944. O filme está em domínio público nos EUA, daí a cópia ruim, lavada e danificada.