"Armadilha do Destino" é a versão policial de "O Pianista". A comparação não se deve apenas à presença de Adrien Brody no elenco, mas também à estrutura da trama, que se sustenta exclusivamente com a atuação quase sempre solitária do protagonista. O trabalho é mais um exemplar da recente onda de filmes claustrofóbicos de um personagem só, como "Enterrado Vivo", com Ryan Reynolds, e "127 Horas", com James Franco.
Em "Armadilha do Destino", Brody vive uma vítima de acidente de carro, que está preso às ferragens em meio a uma floresta. Para piorar a situação, o personagem perdeu a memória.
Mais que um elemento dramático, ele serve para criar algum suspense. Afinal, o personagem está preso em um carro junto a um corpo, que tudo indica ser de um criminoso. Como ele foi se juntar a ele? Seria Brody também um bandido?
Além disso, Brody é assombrado pelas aparições de uma mulher misteriosa que representa alguém que o protagonista não é capaz de reconhecer.
É nesse momento que surge o talento de Brody. O ator é capaz de imprimir ambigüidade ao seu personagem, além de dar sustentação dramática à ideia de luta pela sobrevivência. Nunca sabemos exatamente quem ele é e jamais nos é dado a oportunidade de caracterizar o personagem como um bandido ou vítima. Essa ambigüidade é necessária para o impacto do desenlace de "Armadilha do Destino".
O problema é que, em certos momentos, a situação se prolonga excessivamente, tornando a fluição arrastada. O próprio cineasta parece consciente da dificuldade em "preencher" uma história de sobrevivência que gira em torno de um único personagem. Por isso, apela com alguma freqüência para a aparição da misteriosa mulher.
O resultado final é um filme de suspense minimalista e na medida certa do cineasta estreante Michael Greenspan. Em pouco mais de oitenta minutos, o cineasta leva seu protagonista ao inferno até recobrar a memória e descobrir a tal "armadilha do destino" do título em português.