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Ficha completa do filme

Drama

As Bruxas de Salém (1996)

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 3
As Bruxas de Salém

Depois de ter sido recebido extremamente bem pela crítica americana, este filme acabou sendo esquecido na hora do Oscar, tendo recebido apenas duas merecidas indicações, como Roteiro Adaptado (para o próprio Arthur Miller, autor da peça e que foi casado com Marilyn Monroe) e Atriz Coadjuvante (a segunda indicação consecutiva para Joan Allen, ótima como a mulher do herói).

Escrita nos anos 50 para servir de parábola para a caça às bruxas que o Macarthismo estava fazendo nos EUA na época (perseguindo os possíveis comunistas e os impedindo de trabalhar através de listas negras), o texto chamado originalmente "O Cadinho", foi filmado apenas uma vez na França com roteiro de Sartre que enfatizava o lado político.

Agora, o diretor teatral inglês Nicholas Hytner (depois de "As Loucuras do Rei George") resolveu fazer uma fita para valer, com a ajuda de Miller (que realmente fez um trabalho primoroso, fugindo da origem teatral sem trair as intenções).

Assim, tem duas maneiras de ver o filme: primeiro como uma parábola sobre a sociedade americana que de tempos em tempos arranja algum bode expiatório e sai atrás dele até destruí-lo, ainda que sem provas.

Outra, literalmente, reconstruindo um fato real, realmente na cidade de Salem, em Massachussets, no século XVII, onde houve um julgamento em que jovens foram acusadas de bruxaria (não esqueça que não era uma sociedade católica, onde isso era mais comum com a Inquisição, mas protestante).

O filme dramatiza a situação, deixando claro que tudo é uma invenção de uma garota rejeitada (Winona Ryder, aqui já estava ficando adulta e perdendo o charme, não tem a força necessária para o papel). Quando um fazendeiro casado (Daniel Day-Lewis, competente) não quer mais nada com ela, a garota inventa uma história de que a mulher dele tem relações com o diabo. A situação ainda é mais complicada porque Winona e todas as outras meninas são flagradas na madrugada num ritual de histeria coletiva.

Tudo isso faz com que venha à cidade um juiz itinerante (o excelente Paul Scofield, Oscar por "O Homem que Não Vendeu Sua Alma", que merecia ter recebido uma indicação neste filme também). E durante o julgamento, liderada por Winona, elas realizam um show de histeria, tentando se livrar de qualquer acusação. Mas sem ter consciência também de que estão deflagrando um processo que não tem escapatória, terá que terminar mal.

O diretor Hytner explicou a falta de êxito do filme dizendo que achava que o público americano não estava querendo ver essa história. É muito provável. Não é uma fita fácil, mas densa, por vezes incômoda. Não é de simples digestão. Mas muito bem realizada, com um elenco forte (Allen e Scofield são os destaques), é uma excelente adaptação de um bom texto que ainda hoje continua atual.

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