As Cruzadas (1935)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 2

Este é um dos menos lembrados e queridos épicos do diretor Cecil B. DeMille (1881-59), praticamente um sinônimo do gênero. Mas não é muito diferente dos outros semelhantes que fez na Paramount. Com um grande senso de espetáculo, cheio de multidões e batalhas, tudo luxuosamente encenado em sets imensos. Mas também mostrando a extraordinária capacidade que o diretor tinha de tornar banais e superficiais até os mais dramáticos eventos históricos. O que fica claro aqui, onde as cruzadas parecem ter começado (e se encerrado) em função de desencontros amorosos e intrigas de alcova.

A fim de fugir de um casamento arranjado com uma princesa francesa (feita sem causar impressão pela filha adotiva de DeMille, Katherine), o rei da Inglaterra, Ricardo Coração de Leão (Wilcoxon) decide juntar-se à Cruzada que tenciona libertar Jerusalém. No meio do caminho, se casa por interesse com a princesa de Navarra (a então grávida Loretta Young), por quem acaba por se apaixonar e tem que resgatar quando ela é raptada pelo líder muçulmano Saladino (Keith).

Há relativamente pouca ação e a maior parte do tempo é dedicada às intrigas dos inimigos de Ricardo e ao aborrecido relacionamento entre o casal central, que não tem muita química (nem o roteiro ajuda). Wilcoxon também não tinha tipo para essa espécie de papel, que faz sem o menor humor e que seria ideal para Errol Flynn (sensação fortalecida pela presença ao lado dele, do menestrel feito pelo amigo pessoal e colega de Flynn em vários filmes, Alan Hale).

É interessante, por outro lado, o retrato gentil de Saladino, mais cavalheiresco, nobre e honesto que os cristãos, que passam o tempo todo traindo e mentindo. Dá para curtir os momentos espetaculares, mas são poucos em um filme longo e irregular. Indicado ao Oscar de Fotografia. Edição traz cópia fraca, tirada de VHS.