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Ficha completa do filme

Aventura, Ação

As Panteras Detonando (2003)

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 3
As Panteras Detonando

Parece incrível, mas eu gostei deste "Panteras II". Talvez por não estar com paciência para blockbusters metidos a besta, pretensiosos, querendo discutir o futuro da humanidade ou o sentido da vida. Talvez porque baixei o meu sistema de defesa anti-besteirol (ou ele estava contaminado com algum vírus), o fato é que me diverti bastante com o filme. É um "fun movie", uma fita para se ver com pipoca, sala cheia, comentando com os amigos, se divertindo tanto quanto parece que o elenco soube fazer.

O fato de ter sido fracasso nos Estados Unidos, me espanta. Na verdade, na sessão em que o assisti o filme não foi bem. A platéia era fria, não sabia rir, brincar, não entendia as inúmeras citações de outros filmes e toca eu a explicar, aí é a musica da "Noviça Rebelde", esse é o "Flashdance", aqui o "Cantando na Chuva" e assim por diante. É um problema quando se faz referências num filme endereçado aos adolescentes que ainda não sabem ou ainda não têm repertório para entender fitas que fizeram sucesso na geração dos que fizeram o filme e não na deles. O problema é que se não tiver aplatéia adequada, preparada para ver um filme bobinho, sem pé nem cabeça, feito de propósito assim, fica mais difícil entrar no filme.

Mas acho "As Panteras Detonando" melhor do que o primeiro. Todo o elenco está mais solto, mais à vontade (em particular a americana de origem chinesa Lucy Liu que está muito mais simpática, seu personagem tem mais chances). Perdoa-se Cameron Diaz (que emagreceu demais e envelheceu) enquanto Drew Barrymore continua a gracinha de sempre. Eles usam muito menos aquele recurso duvidoso de se transformarem em outros e tem uma grande quantidade de participações especiais não creditadas, ou os chamados "cameos" (entre eles, Bruce Willis, esportistas famosos, as gêmeas Olsen - que são as futuras anjos/panteras). O mais eficiente deles é a aparição da única Anjo/Pantera original Jaclyn Smith (ainda bela e muito bem fotografada) que surge numa cena de sonho e fantasia para Drew, o que permite que sua idade seja disfarçada e ao mesmo tempo justifica seu nome de "Anjo" (coisa que no Brasil não deixaram transparecer).

Mesmo os que são creditados têm participações pequenas mas eficientes como John Cleese (como o pai de Alex, Lucy Liu), ou Matt Le Blanc de "Friends" (esse não perde uma piada, todas suas falas são muito engraçadas) e até apenas numa foto de Bill Murray (ele brigou muito na fita passada e foi substituído como Bosley pelo que seria o irmão dele, o comediante negro Bernie Mac).

Por causa disso mesmo, não incomoda o fato de que o nosso Rodrigo Santoro tenha uma participação sem falas (o mesmo sucede com Crispin Glover, o outro vilão da história e ninguém achou nada demais). Seu nome está valorizado nos letreiros, na história (depois do prólogo, o primeiro plano da narrativa é com ele, depois vai surfar onde é paquerado e admirado pelas três estrelas e aí participa de uma corrida de motos, onde obviamente foi dublado. Aliás é a seqüência da fita que mais parece um video-game). Logo depois some, mas está com bom tipo e começar assim em Hollywood não acho nada desonroso.

O que eu gosto no filme são duas coisas: primeiro o bom clima criado entre o elenco, a gente acredita que as três realmente se gostam e são dão bem. O diretor acompanha brincando o tempo todo e não levando nada a sério, consciente da bobagem da história que logo depois a gente esquece, mas envolve uma ex-Pantera/Anjo que mudou de lado e agora é bandida, um chefe do FBI que mudou de lado (entre eles estão os conhecidos Robert Forster e Robert Patrick), um membro da Máfia irlandesa que foi namorado de Drew e principalmente dois anéis que contém informações importantes sobre testemunhas que ajudam o governo.

O filme é uma sucessão de episódios mais ou menos humorísticos (o diretor McG, o mesmo do primeiro afirma que esta edição em DVD será melhor, porque não terá que ser com censura para adolescentes).

Quem tem menos destaque desta vez é Cameron e seu namorado Luke Wilson (que estão morando juntos na história). Fora disso, o filme é uma sucessão de clímax atrás do outro, leve e rápido. Ou seja, uma fita que nos convida para rir com ela. Muito se falou sobre o retorno de Demi Moore ao cinema com esta fita e fico com a minoria. Ela retorna magra demais, esquelética, pior do que Madonna, a ponto de parecer deformada. Quando está estática fotografa bem (porque escondem seu nariz que cresceu e ficou aquilino e se perceber bem, está com o rosto por demais alongado e comprido, até deformado). Continua atriz deficiente e não consegue o tom certo de humor que todos os outros seguem. Mas pelo jeito, pela sua má carreira americana, não teremos um "Panteras 3".

Já que pensando bem, nenhuma continuação de fato deveria existir, que o cinema estaria bem melhor assim. Saiu no Brasil a versão dos cinemas e apenas Standard.

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