As Sandálias do Pescador (1968)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 2

Caprichada superprodução baseada em best-seller de imenso sucesso (inclusive no Brasil) do australiano Morris L. West, uma mistura nem sempre eficiente de política internacional, bastidores do Vaticano e religiosidade.

Anthony Quinn (1915-2001) faz um cardeal russo (reciclando, no entanto, os maneirismos de "Zorba, O Grego", ou seja, vira Papa Zorba) que é libertado por ordem do premiê soviético (Olivier, eficientemente gélido e impassível) e acaba meio que por acaso sendo sagrado papa.

O filme funciona na primeira metade, com Quinn protegendo um padre filósofo e progressista, lidando com um cardeal ciumento, tentando mudar o imutável Vaticano (nada sendo muito aprofundado), mas cai na segunda, quando ele se envolve em uma absurda negociação política com a União Soviética e a China, que parecia ousada na década de 1960 mas hoje soa apenas ingênua e datada.

Também o final surpresa, meio aberto, não convencerá a todos. Na verdade o charme do filme é a reprodução do conclave onde são escolhidos os Papas, dos rituais do Vaticano, do dia-a-dia do papado. De resto, sobra um thriller político da Guerra Fria, que nunca chega a cumprir o que promete.

Não ruim, apenas insatisfatório. Foi indicado aos Oscars de Direção de Arte e Trilha Musical, de Alex North (ganhadora do Globo de Ouro).