Até os Deuses Erram (1973)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 3

Sean Connery tinha tanta ansiedade de provar que era bom ator, que aceitou fazer novamente o papel de James Bond (que o havia consagrado mas também estereotipado) em troca de que a United produzisse dois filmes pequenos de sua escolha.

Papéis difíceis que desafiavam seu talento, mesmo que não tivesse grande bilheteria (o outro foi "A Colina dos Homens Perdidos", também de Lumet). Este foi o primeiro deles, baseado em peça de John Hopkins adaptada pelo autor. Hoje já se sabe que Connery sempre foi bom e então não é nenhuma surpresa vê-lo como um policial veterano que carrega a marca de 20 anos lidando com todo tipo de violência, assassinatos e outros crimes.

No interrogatório, ele vai perdendo o controle e acaba batendo no sujeito (Bannen, indicado ao BAFTA), quando afloram seus próprios problemas e traumas. Ou seja, não há inocentes e diz o filme, quem lida com a sujeira acaba por se corromper. Não há deuses.

O filme é bem conduzido pelo excelente diretor Lumet (que levou Oscar especial em 2005). Um drama psicológico que não esconde sua origem teatral (ou seja, é muito falado), mas que acabou sendo precursor de filmes de serial killer como "Silêncio dos Inocentes" e "Seven".