Atlantic City (1980)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 4

O melhor filme falado em inglês do diretor francês Louis Malle (1932-95), que na época era namorado de Susan. Pode ser descrito como uma comédia com toques nostálgicos e policialescos. Capta o clima em transição da cidade balneária num momento em que ela ressurge da decadência, quando abrem os novos cassinos. Uma espécie de Las Vegas da Costa Leste.

O filme é feito de contrastes entre dois mundos (dualidade é bem definida nas duas seqüências iniciais, um velho e mitômano ex-gangster que observa através de uma janela a jovem vizinha que se despe ao som da música de Bellini. E depois numa rua da Filadélfia, um hippie fora de época rouba cocaína de um traficante). Essas duas tramas vão conduzir o filme.

Uma história de amor do velho pela aspirante a croupiê e a cocaína que provocará morte e uma inesperada fortuna. Malle consegue orquestrar harmoniosamente todas as situações com cenas que relembram seu primeiro filme, "Ascensor para o Cadafalso".

Tem personagens humanos e bem delineados, que não caem em clichês ou sentimentalismos. Além disso há um roteiro inteligente, de John Guare ("Procura Insaciável", "Seis Graus de Separação") e um excelente elenco, onde se destaca principalmente Lancaster em seu último grande momento no Cinema.

Trilha musical de Michel Legrand. Imagem de qualidade discutível. Indicado para Oscars de Ator (Burt), Atriz (Susan), Filme, Diretor e Roteiro. Ganhou o Leão de Ouro do Festival de Veneza e o BFI de ator e diretor.