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Ficha completa do filme

Guerra

Atrás das Linhas Inimigas (2001)

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 2
Atrás das Linhas Inimigas

O que mais me espanta nesta fita é como o cinema hoje é totalmente feito na pós-produção. Não é preciso saber dirigir, cortar, fazer os planos certos, encenar as coisas, nem mesmo saber provocar uma explosão. Tudo é e pode ser consertado na edição final em computador.

Foi o que justamente aconteceu aqui, talvez até mesmo pela inexperiência do diretor John Moore (mas também porque é uma fita de baixo orçamento disfarçado). O filme até começa direitinho, com uma seqüência com um texto divertido (parece que foi ajuda de algum especialista contatado, tipo Tarantino ou Carrie Fisher, porque tem citações de filmes) em que uma dupla de pilotos num porta-aviões americano (um navegador e um piloto), estão interferindo na guerra da Bósnia, mas a confusão é tão grande que eles não se entendem (e como bom americano não sabem dizer nomes estrangeiros nem se interessam em aprender).

Quando uma outra missão é cancelada, o herói Chris Burnett pede demissão da Marinha para entrar na vida civil e isso chama a atenção do comandante (embora não seja inspirado em fatos reais, o filme dá essa impressão), que o convoca para um conversa. Logo depois, em pleno Natal, eles vão numa missão de reconhecimento e semq uerer fotografam tropas da Servia escondendo massacres de civis.

São abatidos e um deles, o piloto, sumariamente executado. Chris tenta fugir, perseguido por um exímio franco-atirador. Enquanto isso, o comandante (Gene Hackman, num dia menor) não pode ir ajudá-lo ou resgatá-lo, porque o chefe não quer mais problemas (esse personagem é feito pelo português Joaquim de Almeida da mesma maneira em que ele fez o detetive Sherlock Holmes de "O Xangô de Baker Street", sotaque e tudo). E o proíbe.

Ele revela a queda e fuga para a imprensa, mas mesmo assim fica de mãos amarradas numa situação muito complicada. Chris foge, perseguido de todas as maneiras, mais ou menos ajudados pelos muçulmanos bósnios (não se entra muito no mérito do conflito) até um final horrivelmente patrioteiro e inverossímil.

É de espantar que a fita já estivesse pronta quando aconteceu o atentado de 11 de setembro, porque ela não podia ser mais sob encomenda. Apesar disso, não foi sucesso nos EUA, acho que até por vergonha deles em verem algo tão escabrosamente parcial. Até porque já houve outros filmes sobre a Bósnia, melhores e mais contundentes (o melhor deles é o vencedor do Oscar de Filme Estrangeiro, "Terra de Ninguém"). E a situação realmente é difícil de entender.

Mas colocar um americano bancando o herói no meio daquilo tudo e a velha demagogia de que é melhor salvar um único americano mesmo que provocando a morte de dezenas ou milhares de outras pessoas, é altamente irritante. O filme é também prejudicado pela presença de Wilson, um ator limitado, que fica melhor em comédia - até por causa de seu nariz quebrado e esquisito.

Um detalhe a notar: a excessiva maquiagem de todo o elenco, em particular Owen (sombras e cílios exagerados) e David Keith (que faz o oficial subordinado à Hackman). Outra coisa é um diálogo que há no início do filme, em que a cantora Britney Spears é citada, só que ela só iria ficar famosa alguns anos depois (já que se passa durante a Guerra da Bósnia,em 1993).

Com muito barulho, a fita tem excessos de efeitos de edição, de tal maneira que as lutas são rápidas, algumas cenas não se consegue ver as coisas direito (como a do tobogã) e tudo parece artificial e forçado. Lançada primeiro em edição "Vanilla", incluindo somente trailer. Depois teve comentários em áudio do diretor e dos produtores John Davis e Wick Godfrey, Making Of, cenas excluídas e estendidas com comentários opcionais.

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