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Ficha completa do filme

Romance

Beijos Proibidos (1968)

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 5
Beijos Proibidos

Esta terceira aventura de Antoine Doinel foi feita durante os protestos estudantis de maio de 1968 e por isso é dedicada ao diretor da Cinemateca francesa, Henri Langlois, na época ameaçado de demissão. Faz parte da série autobiográfica do diretor François Truffaut (1932-1984), sempre com o ator Jean-Pierre Léaud como Doinel e iniciada com "Os Incompreendidos" ("Les 400 Coups", 1959), que foi também a estréia do diretor no longa-metragem. Seguiu-se um episódio de "O Amor aos Vinte Anos" ("L´Amour à 20 Ans", 1962) e depois este "Beijos Proibidos", no qual o personagem conhece sua futura mulher, interpretada por Claude Jade.

Os dois retornariam em "Domicílio Conjugal" ("Domicile Conjugal", 1970), que termina com o divórcio do casal. Haveria ainda mais um filme com Doinel, o mais fraco, "O Amor em Fuga" ("L´Amour en Fuite", 1979), no qual ele reencontra a personagem de Marie-France Pisier, que já aparece em "Beijos Proibidos". Claude Jade (1948-2006) só confessou anos mais tarde que teve um longo romance com Truffaut, que era casado.

Fazer cinema para Truffaut parece uma coisa fácil, como respirar, conversar, falar de amor. Este filme é uma de suas obras-primas, o cinema do cotidiano tornado poesia. O encanto extraordinário de "Beijos Proibidos" é que propositalmente Truffaut o construiu como uma crônica, fina e leve, quase sempre improvisada (no bom sentido). A história progride com o auxilio de pequenos acontecimentos, os mais humanos e triviais possíveis.

Truffaut tirou o título original das palavras de uma canção de Charles Trenet, "Que-Rest-t-il de Nos Amours?", que pergunta o que resta de nossos amores, de nossos dias felizes, olhos amassados, beijos roubados. Truffaut dizia que, se o filme ficasse parecido com essa canção, ficaria contente. Foi esse exatamente o resultado: um filme suavemente melancólico, simples e complicado como a vida, ao mesmo tempo poético e divertido. E que na verdade não se parece com nada que já tivesse sido feito em cinema antes.

Somente Truffaut conseguiria transformar em emoção uma imagem tão prosaica como a de uma carta "pnéumatique" -- um sistema já extinto, que havia apenas em Paris, pelo qual se podia enviar uma mensagem expressa por um sistema de tubos subterrâneos injetados com ar comprimido, chegando ao destinatário no mesmo dia.

Se quisermos teorizar sobre os temas do filme, podemos dizer que Truffaut sempre condena as instituições como culpadas pelas formalidades e distorções das relações humanas, enquanto celebra a beleza da sorte e da coincidência. "Beijos Proibidos" é um belo e inesquecível filme, indicado ao Oscar de melhor produção estrangeira. Esta edição faz parte da coleção "As Aventuras de Antoine Doinel" e traz como extras os trailers da série com o personagem e biografia do diretor.

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