Buenos Aires 100 Km (2004)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 2

Às vezes me pergunto se não estão exagerando e trazendo para o Brasil tudo que é filme argentino. E assim matando o filão (a não ser que você esteja vivendo num cocoon, certamente sabe que os filmes argentinos estão com muito sucesso no Brasil já faz alguns anos e o consenso geral é de que são em média, melhores que os nacionais).

O fato é que apesar deste filme ter prêmios em festivais menores (Huelva, Lleida, Havana), ele é lento, aborrecido e sem novidades. Com certeza um editor talentoso lhe daria ritmo e aumentaria o interesse. Mas devem ter achado que já que se passa numa cidade do interior onde nada acontece, tudo deveria ser chato e arrastado. Besteira. Isso derruba um filme que no final das contas era apenas mediano. Não há nada a reclamar dos atores, misturando ao que me parece, profissionais e amadores. Todos são eficientes e passam bem os personagens que vivem numa cidade não identificada no filme, que fica a 100 km de Buenos Aires (na verdade só vemos um pouco mais dela no finalzinho, fora disso, nos limitamos a um parque, um campinho de futebol e a fachada de algumas casas).

Ali estão cinco amigos (outra coisa, não há época identificada, aparentemente é atual, mas propositalmente atemporal) que vivem sem destino, com problemas familiares (uma mãe nunca vista deixa o filho dormir na porta da rua, outra é infiel e transa com um caminhoneiro, outro deseja uma carreira que o filho não deseja e um dos garotos descobre, olha o drama, ser adotado). Mas basicamente são jovens "Boas vidas/ Vitteloni" de Fellini, sem futuro ou perspectiva. O mais importante é um deles, que pretende ser escritor e faz um livro com o título do filme, que começa como terror e deve virar história de amor (vemos cenas do começo mas aí se esquecem disso). Ou seja, poderia ser uma visão nostálgica, autobiográfica do diretor, se ele tivesse colocado um pouco mais de coração, de emoção, de humor. Como está, não satisfaz ou impressiona.