Drama

Cabra-Cega (2005)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 3

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"Cabra-Cega" é uma opção como filme polêmico e premiado (levou seis prêmios no Festival de Brasília). Muito bem interpretado, tem uma excelente trilha musical nostálgica, revista por Fernanda Porto, e evita muitos exageros de violência e tortura que prejudicam a denúncia dos anos de chumbo da ditadura militar.

O diretor Toni Venturi, que depois do documentário "O Velho" sobre Luiz Carlos Prestes, fez outro filme em ambiente fechado, "Latitude Zero", também com sua talentosa mulher Débora Duboc.

Aqui praticamente toda a ação se passa num apartamento do centro de São Paulo, no começo dos anos 70, onde se refugia um homem envolvido na luta armada (o ainda desconhecido, mas eficiente Leonardo Medeiros). Seu chefe (Jonas Bloch) é uma figura misteriosa que aparece de vez em quando e sua ligação é com uma filha de operário comunista que serve de enfermeira e faxineira do apartamento (Débora Duboc) que pertence a um colaborador de boa vontade (Michael Bertovitch).

Mas o cerco aumenta e a situação se agrava. O orçamento limitado não chega a incomodar porque a narrativa é moderna, há momentos para respirar, como cenas externas de um piquenique na cobertura do prédio, e um entreato lírico, com a vizinha espanhola feita muito bem por Bri Fioca.

O filme pretende uma analisar a época mais profundamente. Apenas relembrar uma época triste de forma até alegórica, como no final arrebatador.