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Ficha completa do filme

Drama, Suspense

Encontro com o Passado (2009)

Sérgio Alpendre

Sérgio Alpendre

Colaboração para o UOL 01/04/2011
Nota: 2
Encontro com o Passado

Sophie Marceau interpreta uma biógrafa de sucesso que pretende lançar um romance, apesar de todos aconselharem que ela desista. Uma menina de uns oito anos aparece em quadro desde a primeira imagem após os créditos, e será uma presença estranha para ela.

Um dia, vendo as imagens que seu marido gravou com uma câmera, percebe que as coisas estão fora de lugar. Já não reconhece mais seu espaço, os detalhes que emolduram seu cotidiano. Aos poucos, começa a notar diferenças nas pessoas que a cercam: marido, filha, filho, mãe, e em si mesma. Vai se transformando, rapidamente, em Monica Belucci.

O que terá acontecido a essa mulher? Qual é a ligação entre ela e a menina misteriosa que só ela parece ver? Que segredos envolvem sua vida, e que grau de consciência ela tem sobre eles?

Muitas perguntas são inevitáveis na primeira metade de "Encontro com o Passado". Quando isso acontece, o desconfiômetro acende e nos impõe novas perguntas: terá a diretora capacidade de fornecer respostas bem pensadas? Terá ela a coragem de deixar seu público sem algumas (ou todas) respostas? Haverá algum truque de roteiro que subestime a inteligência do espectador?

Diversas produções recentes justificam essas dúvidas. Vivemos uma época em que ora se tenta enganar o espectador com reviravoltas ou justificativas estapafúrdias para fugir da previsibilidade, ora se explica demais os eventos estranhos enfraquecendo a premissa original.

Um dado importante nos é fornecido ainda na primeira metade: a personagem de Marceau/Belucci, que se chama Jeanne, sofreu um acidente com oito anos, que a deixou com amnésia.

O desfecho não dá para adiantar, mas podemos dizer que Marina de Van, se foge dos perigos possíveis, falha em fazer com que algumas soluções sejam verossímeis, impossibilitando nossa empatia pela solução principal, que é inverossímil (nenhum problema com a inverossimilhança em si, mas com a preparação para ela).

Ou seja, ao apresentar uma explicação mais complexa e aparentemente inusitada (um espectador atento pode vislumbrar o final a partir de certo ponto), não cuida para que os detalhes dessa explicação sejam bem expostos. Fica parecendo algo manco, um final preguiçoso para tapar buracos.

Ajuda um pouco a elegância do trabalho de câmera, e o formato scope, que favorece as experiências visuais de quando a personagem não se reconhece mais em seu entorno.

Mas é um filme que tem potencial não explorado, ideias pouco buriladas e algumas cenas bem ridículas no final.

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