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Ficha completa do filme

Romance, Musical

Entre a Loura e a Morena (1943)

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 5
Entre a Loura e a Morena

Este é simplesmente o melhor filme de Carmen Miranda (1909-55), o que melhor funciona no conjunto sem apenas se ancorar nela e um dos poucos em que ela tem um papel digno, de uma estrela brasileira meio amalucada, mas esperta e bem-sucedida.

Foi a única vez em que Carmen trabalhou com o lendário mestre dos musicais Busby Berkeley (1895-1976), criador de antológicas coreografias para a Warner nos anos 30, com idéias delirantes e desconcertantes, movimentos vertiginosos de câmera na grua (em uma época em que as câmeras de Technicolor eram pesadonas e desajeitadas), dezenas de garotas bonitas formando grafismos na tela (e que criou para Carmen um de seus momentos mais lembrados, o imenso turbante de bananas que encerra o número "The Lady With the Tutti-Frutti Hat").

Na verdade, o filme é tão musical e visualmente suntuoso que nem prestamos muita atenção na trama romântica, onde a corista Alice Faye (1915-98), a real estrela do filme, namora um soldado (o insosso James Ellison), sem saber que na verdade ele é rico e tem uma namoradinha de infância com quem a família conta que irá se casar. Carmen ajuda os dois a se acertarem, ao mesmo tempo em que dá em cima de um amigo da família dele (o sempre divertido Edward Everett Horton).

Mas isso é só pretexto para uma sucessão de números musicais de primeira linha, os de Alice mais simples e intimistas ("No Love No Nothin'", "A Journey To A Star"), os de Carmen ultra-elaborados ("Paducah", "You Discover You're In New York", cheio de referências ao Brasil), até um gran finale absurdamente estilizado e abstrato, tipicamente berkeleyano. O elenco de coadjuvantes cômicos (Horton, Eugene Pallette, Charlotte Greenwood) também provoca risadas (e não às custas de Carmen, como ocorria em outros filmes dela), e ainda há dois números com o band-leader Benny Goodman e sua orquestra (inclusive a antológica "I've Got a Gal In Kalamazoo").

Um grande clássico dos musicais, especialmente querido pelos brasileiros devido ao talento e ao brilho de Carmen. Indicado ao Oscar de Direção de Arte, tem pontas de futuras estrelas Haver e Crain. Curiosidade: veja como, em plena vigência do código de censura dos estúdios, Berkeley contrabandeou para dentro do número "The Lady With the Tutti-Frutti Hat" várias insinuações visuais fálicas e eróticas, como imensas bananas e morangos.

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