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Ficha completa do filme

Aventura

Era Uma Vez no México (2003)

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 3

Este é o terceiro episódio da série "El Mariacchi" (de "Balada do Pistoleiro" e "El Desperado"), do diretor Robert Rodriguez, que aceitou uma sugestão de Quentin Tarantino, inclusive no título, uma homenagem a Sergio Leone.

Salma Hayek rodava "Frida" na época e, por isso, aparece pouco. Johnny Depp fez tudo em nove dias, por isso sugeriu que fizesse também uma ponta como o padre, para poder imitar Marlon Brando. Vários autores colaboraram em seus temas musicais. O diretor Rodriguez assina a trilha, mas Depp compôs seu próprio tema, Antonio Banderas mexeu no dele, e Ruben Blades fez a base do seu.

Rodriguez faz pontinha como um dos cirurgiões, George Clooney ia fazer antes o papel que ficou para Depp, e Tarantino seria o Cucuy. Não tem muita lógica, nem faz muito sentido. Mas tem algumas das cenas de tiroteio e lutas mais excitantes e animadas desde os tempos de "Meu Ódio Será Tua Herança", de Sam Peckinpah.

Roteiro nunca foi o forte de Rodriguez (como demonstrou na recente trilogia "Spy Kids", que nunca funcionou no Brasil nem mesmo em 3-D). Ele quis colocar tanta gente amiga no elenco e inventou tantos personagens, que, para alinhavar todas as tramas de modo coerente, se perde e fica redundante e confuso. O jeito é esquecer a história e se divertir com a encenação, o espetáculo, o elenco.

Todo mundo sabe que Rodriguez é autor completo do filme, feito em sua própria casa (ele edita, escreve, produz, faz a trilha musical, o desenho de produção/direção de arte e dirige). Mas o problema é que Antonio Banderas acaba sendo uma figura secundária, que aparece mais em "flashbacks" (e fala muito pouco), porque tem de dividir a ação com dois outros guitarristas (o baixinho e já decadente Marco Leonardi, de "Como Água para Chocolate", e o estreante no cinema, o cantor Enrique Iglesias).

Até mesmo a musa de Rodriguez, Salma Hayek, também ficou em segundo plano (só aparece em "flashbacks", lhe sobrando de marcante apenas uma cena de ação muito bem feita, onde escapa com Banderas pulando de um edifício). A história realmente é uma confusão, porque a figura mais importante é a de um agente do FBI, um certo Sands (novamente Johnny Depp faz uma figura esdrúxula e ambígua, quase tão esquisita quanto a de "Piratas do Caribe") que deseja contratar El Mariachi para uma missão: matar um general que é inimigo pessoal deste e que quer derrubar o presidente mexicano (feito por Pedro Armendariz Jr).

Mas são tantas as ramificações da trama que é melhor ir pelo elenco. O deformado Mickey Rourke faz outra figura estranha, que sempre carrega um cachorro e não tem grande função na história. A latina Eva Mendes é uma policial que esconde um segredo. Danny Trejo faz um bandido (papel que, segundo Rodriguez, ele teria escrito para o amigo Tarantino, que não pôde aceitá-lo). Cheech Marin conta a história para Depp, Ruben Blades faz outro agente do FBI e Willem Dafoe capricha na vilanice do bandido-mor.

Apesar de tanta ação, Rodriguez faz filmes "baratos" (custou US$ 29 milhões e faturou US$ 55 milhões nos EUA) e experimentais. "Era uma Vez no México" foi rodado em digital de alta definição (como "Spy Kids"), quando ele experimentou lentes e filtros para expandir o alcance do suporte. O resultado tecnicamente é bom. A fita é divertida de assistir, tem muita ação, cenas espetaculares, não há excesso de violência. É um "fun movie", para ver, rir, curtir e esquecer. Se isso lhe agrada, aproveite.

Entre os extras, o mais interessante são os chamados Especiais, os três legendados e apresentados pelo diretor. O primeiro é "Escola de Agressões", na verdade, uma aula de dez minutos sobre como fazer um filme barato com efeitos digitais; o segundo é uma visita guiada aos estúdios da Troublemaker, produtora dele, primeiro em sua garagem e depois onde tem a parte digital (ambos são extremamente interessantes). Há ainda outro divertido, "Escola de Culinária", em que Rodriguez dá a receita do prato que Depp come no filme, o Puerco Pibil.

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