Os filmes do Carlão Reinchenbach sempre são pessoais e interessantes, ainda que irregulares. É o caso deste drama original que não conseguiu encontrar o público que merecia, graças principalmente a seu excelente elenco feminino que traz muitas novatas (entre elas, a talentosa Lucielle De Camargo, filha de Zezé de Camargo), uma veterana companheira de Carlão de pornochanchada (Vanessa Alves, como a mulher mais velha que precisa de trabalho para cuidar de seu filho).
Todas elas são interessantes e promissoras, criando personagens convincentes. Mesmo a protagonista, Michelle Valle (que faz Aurélia). Já não funciona tão bem a parte masculina (aliás, como em geral nas fitas do diretor), nem mesmo Selton Mello como o líder dos neonazistas (toda essa situação não consegue convencer ou ser realista, inclusive no conflito central do rapaz do grupo que namora a negra) ou a descrição do ambiente policial.
Acabam resultando dois filmes diferentes, que nunca chegam a se unificar. Isso não impede que tenha belos momentos, inclusive um interlúdio musical com uma Fafá de Belém muito desinibida.