Gosto de Sangue (1984)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 4

Esta é a chamada versão do diretor do longa de estréia dos irmãos Coen (eles fazem tudo juntos, produzem, escrevem e dirigem, mas na época o Sindicato dos Diretores não permitia co-autorias, ou seja, que dois assinassem um mesmo filme).

Ao reverem o filme, eles o acharam longo e lento, cortando quatro minutos de metragem e mudando algumas canções da trilha musical (porque agora tinham dinheiro para pagar os direitos). Também melhoraram a mixagem e retiraram duas citações que surgiam no início, uma de Dashiell Hammett, outra de Hitchcock, sobre como é difícil matar um homem.

Holly Hunter e o diretor Barry Sonnenfeld fazem vozes off. Ela testou para o papel central mas não pode interpretá-lo porque tinha peça em Nova York, por isso incentivou sua colega de quarto Frances McDormand a ir em seu lugar. Ela ganhou não apenas o papel mas também se casaria com o diretor Ethan e eventualmente ganhando um Oscar de Melhor Atriz ("Fargo").

No filme restaurado, ela está muito jovem, mas ainda sem o humor ferino que iria caracterizá-la. O filme fez sucesso por seu clima noir, seu humor negro, sua violência (na ocasião muito discutida) e um roteiro inventivo, cheio de surpresas e reviravoltas (além de citações de filmes famosos).

Ganhou o Fantasporto, o Independent Film Award de Diretor e Coadj (Walsh) e o Grande Prêmio do Júri em Sundance. Foi sem dúvida a revelação de uma dupla talentosa que sabe brincar com os clichês do gênero.

Também revelou atores pouco conhecidos como Hedaya e principalmente o vilão Walsh (que faz a figura mais sinistra, o detetive particular). A edição em DVD americana tem brincadeiras com falsos críticos e historiadores analisando o filme.