Grand Prix (1966)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 4

"Grand Prix" é o grande clássico dos filmes de corridas, talvez o melhor já feito sobre a Fórmula 1, que agradou a pilotos e especialistas, todos reticentes em relação ao projeto.

O diretor John Frankenheimer foi muito rigoroso e exigente aos filmar as corridas (verdadeiras e encenadas). Os próprios atores pilotaram os carros, filmados de múltiplos ângulos inusitados (foram utilizadas todas as câmeras Panavision 65mm que existiam no mercado na época), com telas divididas, bastante visão subjetiva dos pilotos e o auxílio, na concepção visual, do mestre Saul Bass (que fez também os notáveis créditos iniciais).

A historia é bem mais fraca e acompanha quatro pilotos. Um americano (James Garner, que substituiu o óbvio Steve McQueen, que não se entendeu com os produtores e anos depois faria o similar "As 24 Horas de Le Mans", muito inferior) que vem de uma série de derrotas e agora quer vencer a todo custo e corre em uma equipe japonesa (bancada pelo veterano Toshiro Mifune, dublado nos diálogos em inglês por Paul Frees). Um inglês (Brian Bedford, o único ator que não pilotou o próprio carro) que sofreu um grave acidente e supera a dor das seqüelas com remédios pesados, ao mesmo tempo em que vê seu casamento fracassar porque sua mulher odeia as corridas. Um francês (Yves Montand), campeão há anos, que começa a questionar a vida nas pistas. E, por fim, um jovem italiano despreocupado (Antonio Sabato) que só quer conquistar (e descartar) as moças que freqüentam os boxes.

Curiosidades: muitos pilotos reais da época aparecem no filme, tanto nos créditos iniciais como em pequenas pontas. Os carros de F1 usados pelos atores são na verdade carros menos potentes de F3 "maquiados". A Ferrari inicialmente recusou qualquer ajuda ou uso da marca; quando Frankenheimer mostrou à empresa 30 minutos editados das filmagens das corridas, a montadora italiana se entusiasmou e forneceu tudo, até permissão para filmarem nas nunca mostradas fábricas.

Boa trilha musical de Maurice Jarre que funciona especialmente numa cena sem ruídos. Ganhou os Oscar de montagem, som e efeitos especiais sonoros.