Os críticos classificam "Hakers - Ladrões de vidas" como uma ficção científica biopunk. A expressão resume um filme que apresenta um mundo futurista em que gangues de hackers roubam material genético para matar pessoas. Com uma estética sombria, que mistura uma parafernália de fios e sucata com composições orgânicas, "Hackers" é um forte concorrente a ser um cult trash.
O filme de 2007 gira em torno de Michelle (Bai Li) e seu irmão Jackie (Parry Shen). Ela é uma assassina responsável por matar aqueles que praticam o crime de roubar e inocular DNA em suas vítimas. Ele é um trambiqueiro que pratica pequenos furtos e golpes. Em um desses crimes, Jackie se apodera de uma peça valiosa para os hackers de DNA.
Baseado na HQ "The DNA Hackers Chronicle", o filme reúne pequenas falhas que vão alterando a percepção do espectador sobre o trabalho. A irregularidade dos efeitos visuais, por exemplo, faz com que em certos momentos se tenha a impressão de que as cenas foram retiradas de algum jogo de videogame, com uma estética futurista, mas absolutamente digitalizada.
Os diálogos primários são capazes de provocar sorrisos constrangidos no espectador. A atuação canastrona de Shen poderia valer uma indicação ao "Framboesa de Ouro", o Oscar dos piores filmes. Vale notar, em uma cena, como ele troca o gestual ao falar "você e eu" e aponta para a outra pessoa quando diz "eu" e vice-versa.
A atriz Faye Dunaway, de clássicos como "Chinatown" e vencedora do Oscar de melhor atriz por "Rede de Intrigas", faz uma participação especial como a personagem Josephine Hayden. Na verdade, sua atuação se restringe a uma rápida aparição, pois logo sua personagem se transforma em um ser deteriorado e formado somente por uma espécie de entranhas expostas.
Tudo isso poderia ser uma receita para o fracasso, mas não é o que acontece. O conjunto de falhas acaba por ser o grande charme do filme, que ganha um ar de produção retrô e trash de ficção científica.
Em alguns momentos, é possível até notar a inspiração em filmes como "Alien - O 8º Passageiro", "Blade Runner" e "Matrix".
Uma continuação de "Hackers" estava sendo realizada no ano passado, prova de que nem sempre o que é imperfeito é motivo para ser descartado pela indústria de Hollywood.