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Ficha completa do filme

Drama

Hannibal, a Origem do Mal (2007)

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 1

Quando se faz um filme tão abominável, violento e imbecil quanto este prólogo a "O Silêncio dos Inocentes", é sinal de que o mundo está acabando -- ou, no mínimo, a civilização como a conhecemos. Felizmente, foi um enorme fracasso de bilheteria nos EUA, a ponto de matar a franquia de filmes com o personagem de Hannibal Lecter, dando um basta ao que já se chamava de "sadismo chique", para qualificar a perda dos limites do bom senso e bom gosto. O filme custou US$ 50 milhões e não rendeu mais do que US$ 27 milhões.

O culpado maior é o produtor Dino de Laurentiis, que, ansioso por conseguir mais alguns trocados com a franquia mesmo depois de Anthony Hopkins largar o personagem, entregou o filme ao pouco experiente Peter Webber (que fez antes "A Moça com o Brinco de Pérolas"). Ele tomou algumas decisões erradas, começando por escolher um protagonista, o francês Gaspard Ulliel, que nada tem a ver com Hopkins. E, pior que isso, mau ator.

Aliás, todo o elenco é muito discutível, em particular no começo da história, na Lituânia, durante a Segunda Guerra Mundial, quando o garoto Hannibal foge com a família da chegada dos nazistas, para cair nas mãos de bandidos que roubam e matam seus pais e comem sua irmãzinha, canibalismo que irá explicar seus conflitos no futuro.

Obviamente já sabemos o final da história, mas Hannibal terá ainda um longo caminho a percorrer, numa sucessão de absurdos que o levam para a França, onde vai morar com uma tia. Esta, de forma totalmente inconvincente, é uma japonesa arruinada mas de bom coração (outra chance perdida de usar a maravilhosa atriz chinesa Gong Li). Ela está ali só para que Hannibal entre em contato com a cultura oriental, os samurais, as lutas marciais e o uso da espada ancestral que servirá para matar um monte de gente.

Nada funciona, nem os diálogos nem os vilões. A história vai se arrastando, mostrando Hanibal tendo pesadelos e, para justificar suas ações, indo estudar medicina, quando se torna excelente em anatomia. O pior: tudo é muito violento, com requintes de prazer, e o humor negro não funciona.

O filme não deu certo porque transforma em estrela um personagem que funciona melhor na periferia da história (no primeiro filme ele só aparece por 18 minutos). Não queremos ver um cotidiano de Hannibal, decifrar seu mistério, descobrir seus pontos fracos. Isso o torna banal, sem interesse e meio ridículo.

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