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Ficha completa do filme

Fantasia

Harry Potter e a Ordem da Fênix (2007)

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 3

Tem uma coisa que eu não entendo. Quando você vê uma série de TV ou uma minissérie, a primeira coisa a aparecer é um resumo do que aconteceu no episódio anterior, para refrescar a memória. E, em geral, passou-se apenas uma semana ou mesmo dias. No entanto, quando se faz um filme como este, a quinta aventura da série (lançada quase dois anos depois da anterior), esperam que a gente se lembre de tudo, reconheça situações e personagens. E se dão ao luxo de começar em plena ação. Sem explicar muito. Resultado: eu fiquei meio perdido nos primeiros minutos do filme tentando relembrar exatamente porque estão tratando o herói tão mal, inclusive expulsando-o da escola, quando até onde lembrava ele tinha vencido um primeiro duelo com Lord Voldemort. Esse é o problema deste novo filme: é meio de série, começa abruptamente e termina deixando todas as situações ainda para serem resolvidas nos dois filmes posteriores.


Por outro lado, parece que é o mais curto e o primeiro dirigido por um quase desconhecido vindo de telefilmes, David Yates (que faz também a próxima aventura, "O Enigma do Príncipe"). Há duas boas razões para chamá-lo: 1) deve ser mais barato do que outros mais conhecidos, e o orçamento deve estar muito alto com tantos atores ingleses famosos fazendo papéis pequenos; 2) eles já sabem que não podem fazer absolutamente nada contra a vontade da autora J.K. Rowling, que tem controle absoluto do resultado.


De qualquer forma, o filme tem uma mensagem positiva. Como diz o herói para Voldermort: "Você é mau porque não tem com quem contar. Eu não, eu tenho os meus amigos e por isso que eu busco o bem!" Ou seja, a série Potter nunca vai ser uma grande obra cinematográfica, mas uma síntese tipo "Seleções do Reader´s Digest" do que a autora escreveu no livro, quase como um longo comercial para ler o livro.


Muito se falou do fato de o menino que faz Harry, Daniel Radcliffe, ter aparecido pelado na montagem inglesa de "Equus", enquanto aqui se promove o primeiro beijo do personagem. Mas o fato é que ele não é nenhum Apolo e tudo parece jogada para esconder o fato de que todo o trio central cresceu de maneira desajeitada (e os amigos têm cada vez menos a fazer nos filmes). A garota Emma passa o filme todo com cara de contrariada. O ruivo Rupert literalmente virou figurante e também está constrangido. Daniel tem mais cenas de emoção e medo (mas seu personagem é ingrato, porque é fraco e indeciso, sempre na dúvida, e nem é capaz de ajudar a garota que beijou, sabendo obviamente que ela foi manipulada). Já o ator não tem maiores fôlegos, a não ser para se tornar um novo Mickey Rooney.


A melhor coisa deste novo "Harry Potter" é certamente o seu esplêndido elenco, formado pelo que há de melhor no teatro inglês, todos os coadjuvantes (e alguns astros) às vezes aparecendo muito pouco (como a recém-chegada Helena Bonham-Carter, que exagera um pouco na sua bruxa). Quem dá realmente um show e merecia uma indicação ao Oscar é Imelda Staunton ("Vera Drake"). Com um eterno sorriso nos lábios, com a certeza absoluta de que faz a coisa certa, ela criou com Dolores Umbridge a mais memorável vilã de toda a série.


Com esse elenco, é fácil perdoar as irrelevâncias deste novo filme, que vai preparando o caminho para o inevitável desenlace (e criando um falso suspense, dando dicas de que Harry Potter poderá morrer ao final!). Ou seja, antes de ver este, é melhor dar uma olhada ou revisitada no anterior em DVD. Vai tornar a experiência mais fácil. Mas você pode achar este o mais fraco da série até agora.

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