Igual a Tudo na Vida (2003)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 2

Vi com esperança este mais recente trabalho de Woody Allen, até porque eu ainda não tinha desistido totalmente dele. Esta comédia havia ficado notória porque a produtora Dreamworks editou o trailer de tal maneira que Woody não aparece, dando a impressão de que o filme é totalmente dos jovens Christina Ricci e Jason Biggs ("American Pie").

Mas Woody tem um papel importante, como um veterano humorista (mais escritor que ator) que fica amigo do jovem Biggs (que tenta imitar Woody e parece ter perdido todo seu timing de comédia, não acerta uma). Ele lhe dá conselhos sobre sua garota que é complicada. Mas do meio para o fim começa a pirar, ficando paranóico, insistindo em comprar armas de fogo (no que parece ser uma tentativa mal sucedida de criticar essa mania americana. A conclusão de seu personagem também é mal resolvida).

Tudo isso é contado em um longo flash-back, mostrando como Christina lhe impõe a presença da mãe (Stockard Channing desperdiçada), recusa-se a transar com ele (demonstrando que está com outro) e assim por diante.

Na verdade, as boas piadas estão todas no trailer. Fora disso, o filme tem um lado bom. Não parece feito às pressas como os anteriores. Allen deixa a câmera com freqüência parada e faz os atores entrarem e saírem. Esta é apenas a segunda vez que ele roda em Widescreen (a primeira foi "Manhattan") e nesta cópia ficou tudo estragado pelo formato Standard, tela cheia.

Continua usando músicas antigas (tem pontinha de Diana Krall). O problema é que a história é fraca, com poucas piadas e situações mal aproveitadas. Outro passo na decadência dele. Que pena.

Para um orçamento de 18 milhões (baixo) o filme teve três milhões e duzentos mil de bilheteria. Assim, nem o mercado exterior compensa. Embora Woody tenha outros filmes já a caminho, sua carreira parece caminhar para o fim.