Império (2002)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 2

"Cidade de Deus" parece já ter começado a fazer escola. Ao menos é o que parece pelos minutos iniciais deste filme, também sobre traficantes de drogas, que imitam sua narrativa nervosa e tortuosa. Mas depois cai na linguagem mais tradicional, semelhante a outros filmes sobre o assunto. A diferença é que este "Império" foi dirigido por um novato, Franc Reyes, descendente de latinos, que cresceu realmente no lugar mais pobre do Sul do Bronx e está descrevendo um ambiente que conhece bem, usando uma trilha musical que tem a ver com ele e sua geração.

Basicamente, é a história de um certo Victor (o discutível ator John Leguizamo, que tem certo prestígio nos EUA por causa de seus one-man show no palco que depois passam pela HBO). Ele é traficante à serviço de uma senhora colombiana (participação especial de Isabella Rossellini), mas com sonhos de escapar dali para um ambiente melhor.

Vê essa chance pintar quando conhece um jovem que lida com ações em Wall Street (Peter Sarsgaard) e promete lhe conseguir legítimo, sem esquemas de lavagem. E fazê-lo mudar de vida, mesmo que isso represente largar sua namorada (grávida) Delilah Cotto (a mãe dela é interpretada por Sonia Braga, que ainda não conseguiu aprender direito o inglês. De qualquer forma, suas melhores cenas ficaram na sala de edição e aparecem no DVD). O resto é altamente previsível, até na citação de "Crepúsculo dos Deuses" (dizem também para evitar o trailer que revela detalhes demais da trama).

Não há dúvida de que o mundo das drogas exerce certa fascinação nas pessoas. Mas não o suficiente para ter tornado a fita um sucesso de bilheteria (chegou perto dos 18 milhões nos EUA). Não chega a ser ruim, mas também não é nada especial. Ajuda assistir o depoimento do diretor latino, que demonstra que há uma distância entre intenção e realização. Esta é uma fita independente de gangster, com ênfase na trilha musical, tentando atingir o público latino.