Em sua mais maluca e ousada empreitada, David Lynch parte definitivamente para o experimental, rodando em câmera digital caseira, improvisando e sem vontade de explicar qualquer coisa.
Muito longo, praticamente insuportável para os não iniciados, foi o primeiro filme dele recebido com críticas violentas e mal humoradas. Embora seja penoso assisti-lo e não haja como decifrá-lo, traz ao menos uma corajosa interpretação de Laura. Mas tudo é sem lógica, sem qualquer tentativa de fazer sentido ou dar resposta. O titulo, por exemplo, veio porque Laura (a atriz, não o personagem) é casada com um homem de Inland Empire, uma área leste de Los Angeles.
Nem tudo foi improvisado. Lynch foi filmando apenas com uma câmera DV, cena a cena, seguindo um script, durante dois anos e meio, para depois tentar uni-las numa historia mais ou menos coerente. Irons faz o diretor do filme dentro do filme. Há também uma misteriosa historieta de dois coelhos, feitos por bonecos, que pode ter a ver com meditação transcendental, reencarnação, ou simplesmente não ter nenhuma conexão. O que não seria inusitado, já que, por exemplo, uma cena em que prostitutas cantam "Locomotion" existe só porque o cineasta ouviu a canção no dia anterior.