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Ficha completa do filme

Drama

Irreversível (2002)

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 1
Irreversível

Este foi sem dúvida o pior filme de todo o Festival de Cannes 2002, embora os franceses tenham feito uma campanha promocional cerrada para tentar vendê-lo como a polêmica e escândalo de Cannes (a fita chegou a passar também nos EUA e, embora seja uma curiosidade, nem por isso é menos desprezível). Este "Irreversível" é pavoroso, nojento e repulsivo.

Brinquei dizendo que não apenas não quero conhecer o diretor, porque obviamente é um doente, mas é o caso de romper relações com quem gostar do filme, porque será igualmente doente e digno de internação num sanatório. Fora a piada, é quase isso mesmo. A fita moralmente é inadmissível ao mostrar um estupro anal numa longa seqüência de cerca de 8 minutos (o problema é que a seqüência pode provocar desejos eróticos, o que é revoltante).

Mas fora a cena (obviamente simulada) o filme é ruim por vários motivos. Dirigido por um certo Gaspar Noel, e vejam só que óbvio, se inspira em "Amnésia" ("Memento"), contando a história de trás para diante. É sempre assim, o problema nunca são os filmes originais mas o fato de que depois deles vêm as imitações baratas (porque claro que erram na cronologia, pulando uma seqüência no meio e não tem nada de muito importante para revelar ao final, ou começo se preferirem, a não ser o fato de que a heroína estava grávida).

É verdade que o letreiro de abertura é curioso (começa também pelo fim e com ele, letras revertidas, mas o do final, com a imagem batendo em branco, como uma tela com projetor, mas sem filme já não funciona). Mas a fita é insuportavelmente violenta, tem uma seqüência totalmente gratuita passada numa boate gay sado-masoquista, que termina com o rosto de um sujeito sendo várias e repetidas vezes destruído, com todos os excessos de rigor (não funciona como catarse porque não vimos ainda o estupro).

Mas é ruim também como roteiro. Os personagens não têm lógica. Vincent Cassel se comporta de uma maneira com a garota (sua mulher na vida real, a bela Monica Belucci - "Malena", "Matrix Reloaded"), numa seqüência de intimidade sexual até delicada e sensível. Mas, de repente, muda completamente de comportamento, principalmente na festa, quando vira um idiota sem justificativa. Também não há uma razão forte para Monica sair da festa e atravessar a passagem subterrânea obviamente perigosa, em vez de pegar táxi ou atravessar mesmo a rua ou sair com alguém.

Ou seja, dramaticamente, o filme é muito mal construído, e só vai ficando pior. O estupro é razoavelmente encenado sem cortes e não é excitante para uma pessoa normal, mas o fato de ser feito, já demonstra o mau caráter e má intenção da empreitada, que parece uma provocação para causar escândalo e sucesso (e mesmo a reações femininas). Uma fita abominável.

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