Ivã, o Terrível Parte I (1944)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 2

O lendário filme (o nome Ivã também aparece em outros lugares grifado como Ivan, como o abecedário russo é outro, essas confusões são compreensíveis) que foi o último trabalho do grande diretor Einsenstein (sua filmobiografia acompanha o DVD), dividido em duas partes (a segunda ficou proibida durante anos e ele morreu antes de rodar a terceira).

Esta primeira parte já revela suas qualidades e defeitos. Extremamente operístico, melhor dizendo, é interpretado solenemente como se ainda fosse cinema mudo, com figurinos exagerados e maquiagens excessivas (parece festa de drag queens), poucas externas, fotografia ainda marcante (do mesmo Tissé de sempre), música de Prokofiev. Mas sem dúvida é o pior filme do diretor, por vezes caindo no grotesco e ridículo involuntário.

A fita foi concebida durante a Guerra para ajudar na propaganda da unidade soviética e denunciar os inimigos que conspiravam contra ela, dentro e fora do país (ou seja, como propaganda do ditador Stalin, que depois se irritaria com a segunda parte).

Esta edição é curiosa também por trazer como bônus (a capinha não avisa nada), uma reconstituição feita em 1967 de um filme de 1937, "Traição na Campina" (Bezhin Meadow) que Stalin havia mandado queimar e que só foi possível porque a viúva do diretor, Pera Atasheva, guardou um fotograma de cada tomada, um do começo outro do final. É a história de um menino que paga coma vida por contar que seu pai matou a mãe de tanto bater nela.