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Ficha completa do filme

Documentário

Janela da Alma (2002)

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 3
Janela da Alma

É um prazer passar uma hora e meia ouvindo e vendo gente inteligente discutir idéias, como neste filme, que foi bem no circuito de arte nacional. Hoje é cada vez mais raro poder assistir a um documentário como este, sensível, inteligente, discreto; quase filosófico. Que bom que há espaço para este tipo de filme, ainda mais no Brasil. Como eles se anunciam, um filme sobre as diferentes maneiras de ver.

Seu conceito é um pouco complexo para resultar integralmente. Usando uma frase de da Vinci, que diz "o olho é a janela da alma, o espelho do mundo", o filme foi feito por dois míopes, João Jardim e o fotógrafo Walter Carvalho (talvez o fotógrafo brasileiro mais admirado do momento depois de seu trabalho nas fitas de Waltinho Salles).

Eles entrevistam 19 pessoas com diferentes graus de deficiência visual, da miopia discreta à cegueira total. Felizmente, todos são inteligentes e alguns chegam a ser brilhantes. Não se esperava menos do escritor português ganhador do Nobel José Saramago ou do diretor alemão Wim Wenders (o entrevistei algumas vezes e atesto sua simpatia e sensibilidade) ou da diretora francesa Agnés Varda (que recorda seu marido Jacques Demy).

Funcionam menos as tentativas visuais de reproduzir desfoques ou falhas visuais. Mas o filme já começa bem com a entrevista e os olhos estranhos de Hermeto Paschoal. Tem pontos altos com o filme de animação da diretora finlandesa Marjut Rimminem. Do final já não gostei especialmente (detalhes de um parto). Mas foi um documentário a que assisti com prazer, discuti algumas idéias, fui influenciado por outras, ou seja, que soube cumprir seu papel. E que recomendo.

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