K-19: The Widowmaker (2002)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 2

A gente tem a mania de achar que se o filme fracassou nas bilheterias americanas, deve ser ruim. Não necessariamente. Este, por exemplo, errou em outras coisas: 1) o título americano é horrível - "K-19" faz pensar em fita da série "K-9", aquela do cachorro policial, e "Widowmaker" (fazedor de viúvas) também lembra fita de serial killer. O pior é que, no Brasil, insistem no erro de não traduzirem; usaram o nome original, mesmo que incompreensível para a maioria das pessoas. 2) o filme é sobre a Marinha russa e o feito heróico dos oficiais e tripulantes de um submarino soviético atômico que quase provocou uma catástrofe nuclear e ninguém ficou sabendo durante 29 anos. Foi feito para louvar os marinheiros soviéticos, que se comportaram como heróis e não foram reconhecidos. Ou seja, é militarista, mas ainda por cima elogia os russos. Qual adolescente americano vai se interessar por isso? Obviamente, nenhum, e daí o fracasso.

Era melhor terem feito uma fita sobre isso (porque a história é muito boa) para a TV a cabo. E sem gastar 80 milhões de dólares numa história sem ação (o único tiro é um míssil jogado ao ar) e com pouco suspense (a diretora Kathryn Bigelow, ex-sra James Cameron, errou justamente aí; não soube construir um clima de suspense).

Outra bobagem mais difícil de notar é a confusão de sotaques. Tem gente que faz sotaque russo, outros não, sem a menor lógica. Harrison Ford amargou com a fita o pior fracasso em anos. Ele realmente esta ficando velho e cansado, mas já o vi pior e mais canastrão em outras fitas. Aqui ensaia um sotaque titubeante mas não compromete, chega mesmo a livrar a cara.

Liam Neeson, que faz o antigo capitão que tem que suportar Ford em seu lugar, tem mais cara de russo. Mas o roteiro é apenas mediano e usa todos os clichês de fitas de submarino (tem até tentativa de motim). Consegue até manter o interesse, mas não cria tensão. Um filme inflado que, na verdade, é a ilustração de um fato absurdo que a história esqueceu e que merecia ser resgatado. Não vá esperando mais que isso. Co-produzido pela National Geographic.