Indicado para o Oscar de melhor filme estrangeiro em 1961, premiado como melhor atriz em Mar del Plata e coadjuvante pelo Sindicato italiano, este foi o segundo filme de ficção do diretor Gillo Pontecorvo (1919-2006), que depois faria dois grandes filmes políticos, "Queimada" (1969) e "A Batalha de Argel" (1966).
Em entrevista incluída aqui nesta edição, ele lamenta a escolha para o papel principal da jovem Susan Strasberg (1938-99), que era filha do ilustre Lee Strasberg, um dos mestres do Actor´s Studio, e que havia se tornado estrela com "O Diário de Anne Frank", na Broadway. Chegou mesmo a recusar o papel no cinema, para estrelar este filme. Mas que não sabia chorar e atrapalhou o filme - ela tem grandes olhos escuros e lembra um pouco Audrey Hepburn.
Mas Pontecorvo elogia o parceiro de roteiro Franco Solinas, que também fez "Queimada", "Estado de Sítio", "Argélia", "Salvatore Giuliano", e era outro mestre do cinema político. Na época, o filme foi criticado por contar uma história fictícia sobre o Holocausto. Talvez estivesse ainda próximo dos fatos históricos, mas o indignado critico Jacques Rivette, da revista francesa Cahiers du Cinema, escreveu um artigo indignado contra o filme e, em particular, contra uma cena de suicídio de Riva (a estrela de "Hiroshima mon Amour").
Mas nesta copia restaurada o filme resiste melhor, é plasticamente muito forte e nem Susan compromete uma trama trágica, a da moça ingênua que, levada pelas circunstâncias e pela vontade de sobreviver, escapa dos fornos crematórios e se prostitui aos nazistas, tornando-se Kapo (chefe das guardas das prisioneiras). Mas quando surgem prisioneiros russos, ela se envolve com um deles e luta para libertá-los.