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Ficha completa do filme

Drama

Ken Park (2002)

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 2
Ken Park

Nunca levei a sério o diretor Larry Clark, nem mesmo na época em que procurou provocar escândalo com seu filme "Kids" (que no fundo era moralista, para disfarçar sua má intenção). Piorou quando o conheci pessoalmente. Ele é drogado tipo junkie (tem os dentes todos podres), obviamente pedófilo e sem qualquer moral ou escrúpulo. E um pouco de talento. Muito pouco.

Seus filmes posteriores confirmaram a impressão, com "Kid" e "Os Profissionais" (onde eles se drogaram de verdade), o interessante "Bully" (ainda o melhor que ele fez), um telefilme mal conhecido onde também explora o erotismo pré-adolescente ("Além da Escuridão"/ "Teenage Caveman") e agora este "Ken Park", que demorou para estrear nos EUA por causa de suas cenas de sexo explícito juvenil. Na Austrália está proibido.

Obviamente é por isso que o filme provoca certo interesse e curiosidade, porque não dizer é mesmo uma ousadia, ainda mais quando se sabe como os americanos são hipócritas e fundamentalistas. "Ken Park" não é um parque, mas um adolescente que logo na primeira seqüência do filme se mata com um tiro na cabeça. Em vez de tentar explicar o porque desse gesto, o filme acompanha o comportamento de um grupo de jovens, na sua maioria garotos em seu cotidiano. Todos eles são desconhecidos, feiosos, magricelas, com caras de "White Trash".

As histórias paralelas (mas todas se unem depois) são contadas fazendo questão de provocar clima erótico para concluir ao final com um triângulo amoroso explícito entre os protagonistas. Um deles é um loirinho que namora uma colega de classe, mas na verdade ele vai na casa dela e transa com a mãe (aliás numa relação bastante satisfatória para todos; os outros de nada desconfiam).

Outra é uma jovem mestiça (o pai muito religioso depois que a mãe dela morreu) que é pega em flagrante transando com o namorado na cama (ele apanha muito e ela tem que sofrer com os sermões do pai). E o principal, Peaches, que anda de skateboard, e além de treinar e fumar maconha, tem um problema com o pai (Julio Oscar Mechoso) que abusa dele, no fundo porque tem desejos sexuais com o garoto (e na cena mais forte tenta fazer sexo oral).

Se um resumo dá a impressão de que a história é sexy e o filme atraente, nem pense nisso. A gente tem a curiosidade de voyeur, fica um pouco perturbado com a amoralidade das situações, até pela naturalidade dos garotos (o roteiro é do mesmo Harmony Korine de "Kids" e o filme é co-dirigido por um certo Edward Lachman, que é um fotógrafo experimentado de fitas como "Erin Brokovich" e "As Virgens Suicidas").

A única atriz conhecida é Amanda Plummer, que faz a mãe de Peaches. O diretor Clark faz rápida aparição ao final, como o dono da banca de cachorro-quente. Segundo os autores, "tanto os pais quanto os garotos são vítimas". Não explicam bem do quê. Não nego que exista aquilo que o filme mostra, e o maior mérito da fita é tornar repulsivo algo que poderia facilmente ser erótico. Mas mesmo assim, ainda acho que é um golpe muito bem dado por Clark, que assim consegue provocar escândalo e notoriedade.

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