Limite Vertical (2000)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 3

Para quem, como eu, tem medo de altura, assistir este filme é um problema. Não adianta sacar os efeitos especiais, que em certas seqüências é visível que estão em estúdio (particularmente a cena inicial, que lembra muito uma parecida com "Cliffhanger - Risco Total", de Stallone, e é menos bem feita do que a de Tom Cruise em "Missão Impossível 2"), porque o efeito é sempre assustador e impressionante.

Na verdade, é uma mistura de "Risco Total" com uma fita mais antiga, "O Salário do Medo". Um thriller feito pelo diretor Campbell, treinado em aventuras de James Bond e "Zorro", portanto competente, que quase é derrotado pelo roteiro repleto de clichês, sendo o pior deles colocar Bill Paxton como um milionário exibicionista e canalha que, mesmo arriscando a própria vida, força uma escalada na montanha mais perigosa do mundo, a K-2, na fronteira entre Índia e Paquistão (países que estão em guerra). Isso é uma grande besteira, porque o que o alpinista primeiro aprende, a regra número um, é respeitar a natureza, a montanha, as mudanças climáticas. Vilão assim só existe mesmo em cinema, ainda assim em geral mais convincentes.

O herói do filme também é fraquinho, mesmo porque interpretado pelo sonso Chris O'Donnell, o ex-Robin. Há outros personagens - clichês, como o velho montanhês que perdeu os dedos congelados e procura o cadáver da mulher amada que ficou na montanha (Scott Glenn), um fiel paquistanês, uma dupla de irmãos australianos temerários e mais absurdamente ainda uma belissima médica (a revelação do filme, a loira e linda Izabella Scorupco).

E lá vão eles enfrentar a montanha e o mau tempo, numa sucessão de aventuras perigosas, por vezes absurdas, por vezes de tirar o fôlego. Não se acredita em metade dessas façanhas, mas nem por isso elas deixam de ser interessantes e tecnicamente bem realizadas.

Rodado nas montanhas da Nova Zelândia com uma bela fotografia, tem tensão, cenas de perigo e morte iminente, ou seja, ação suficiente para se perdoar as besteiras.