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Ficha completa do filme

Comédia, Drama

Macunaíma (1969)

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 5
Macunaíma

Em cópia primorosamente restaurada, finalmente está disponível esta obra-prima do diretor Joaquim Pedro de Andrade (1932-88), adaptada do livro de Mario de Andrade (sem parentesco).

Uma obra difícil que foi transposta para o cinema enfrentando problemas de censura (um excelente folheto que acompanha a edição fala em 16 anos de luta contra a censura) e a dificuldade do projeto. Mas foi escolhido o elenco certo, Grande Otelo faz o protagonista na primeira parte, Paulo José na segunda, ambos excelentes.

O diretor Joaquim Pedro faz a apresentação do filme (que por sinal ganhou Melhor Filme no Festival de Mar Del Plata). Um retrato bem humorado do homem brasileiro, fiel às idéias do escritor, mas também fazendo um retrato corajoso de sua época (a frase "Cada um por si e Deus contra todos", influenciaria Herzog ao fazer logo depois seu "O Enigma de Kaspar Hauser").

A edição traz também o inédito e restaurado documentário "Brasília, Contradições de uma Cidade Nova" (1967, 23 minutos) dando uma visão ao mesmo tempo poética e crítica da cidade.

Márcio Ferrari

Márcio Ferrari

Colaboração para o UOL 19/06/2009
Nota: 4

Esta adaptação da "rapsódia" de Mário de Andrade foi o maior sucesso de bilheteria do Cinema Novo. O diretor Joaquim Pedro de Andrade preservou o espírito anárquico e safado do livro, assim como sua narração episódica e picaresca. Mas tirou o tom afetuoso, substituído por algum pessimismo e bastante auto-avacalhação. O ator Paulo José encarna um Macunaíma com o diabo no corpo (que, na sua versão preta e infantil, é interpretado pelo comediante Grande Otelo). Sua paixão, a amazona Ci, virou uma guerrilheira bem pouco ideológica vivida irresistivelmente por Dina Sfat. E o industrial paulista Venceslau Pietro Petra tornou-se um vilão de desenho animado na pele de Jardel Filho. Entre os grande momentos deste filme como nenhum outro está a feijoada humana na piscina do milionário, uma versão dura e sarcástica da antropofagia modernista.

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