Madame Bovary (1934)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 2

É uma raridade esta cópia restaurada de um pouco lembrado filme do superestimado Jean Renoir (1894-1979), filho do famoso pintor e irmão de Pierre, que faz o papel do marido.

Na verdade, ele era um cineasta mais criativo e interessante nestes primeiros filmes do cinema com falas, em que faz bonitos travellings e enquadramentos apesar das dificuldades técnicas da época. Mas é difícil levar a sério uma história cujo papel central - um das figuras mais famosas da literatura francesa, criada por Gustave Flaubert (1821-1880) - já foi várias vezes adaptada para o cinema ou televisão.

Pessimamente escalada, Valentine Tessier (1892-1981) era uma mulher feia, grande e teatral. Impossível não passa credibilidade quando ela vai fazendo conquistas românticas com seu jeito matronal. O resto do elenco tampouco ajuda. O roteiro se perde e se esquece de desenvolver melhor o conflito com a mãe do médico. Assim, o filme vira peça de museu e até ajuda assistir ao depoimento de Samuel Titan Jr., professor de Teoria Literária da USP, nos extras. Ninguém menciona, porém, que a versão original do filme tinha três horas e meia, o que pode explicar certas omissões.