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Ficha completa do filme

Drama

Magnólia (1999)

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 4
Magnólia

Está longe de ser um filme fácil. O próprio título já é estranho. Por que Magnólia? Simplesmente porque a ação se transcorre com vários personagens que convivem em torno da Avenida Magnolia, em Los Angeles, não distante do Sunset Boulevard. A flor servia para o cartaz americano e pouco mais. Com praticamente três horas de duração, o roteiro do também diretor Paul Thomas Anderson ("Boggie Nights" - "Prazer sem Limites" e "Embriagado de Amor/ Punch- Drunk Love") mistura várias tramas paralelas que irão se juntar apenas ao final, mais ou menos como realizou Robert Altman em "Short Cuts".

O cineasta é jovem (nascido em 1970), criativo, ousado, cheio de idéias e "ego". Seu truque maior foi escrever especialmente um papel de coadjuvante para o astro Tom Cruise, que lhe deu merecida indicação ao Oscar e Globo de Ouro. É um personagem extremamente forte e na medida do carisma de Cruise. Um sujeito que faz palestras, dando instruções de auto-ajuda, ensinando os homens a enfrentarem o absolutismo feminino (e nesses monólogos, ele tem frases muito fortes, que devem passar para o folclore do cinema). Só mais tarde - e não estou revelando nada de surpreendente - é que ficaremos sabendo que ele tem uma vida secreta que acabará o atingindo.

Mas é um grande papel , porque além dos discursos, Tom tem duas outras grandes cenas, uma entrevista onde nega com frieza que esconde algo do passado e quando finalmente desmonta chorando. Aliás, o que não falta na fita são bons atores, onde Anderson volta a chamar alguns de seus amigos dos filmes anteriores, Seymour Hoffman (que agora faz o enfermeiro), Baker Hall (como um apresentador de programa de jogos na tevê que está morrendo de câncer e tem problemas com uma filha drogada), John C. Reilly ("Chicago"), William Macy (um falido que está pensando em roubar o cofre da empresa onde trabalha). E outros novos, com destaque para Julianne Moore (igualmente bem como a esposa inconsolável com a morte próxima do marido, o muito fragilizado Jason Robards).

O enredo vai se tecendo como uma teia de aranha, cheio de texturas e armações, sempre pontuado por uma trilha musical escrita especialmente para o filme (o diretor também se inspirou nela para alguns temas), composta pela autora de folk-rock Aimee Mann (uma das canções foi indicada ao Oscar, "Save Me", que é muito forte na trama). Mas o surpreendente e que deu muita discussão é uma chuva apocalíptica de rãs que caem do céu (o porque não fica claro, mas antes alguém cita uma profecia bíblica a respeito).

De qualquer forma, "Magnolia" não é uma fita digestiva. Ainda assim, ou vai ver por isso mesmo, é que se trata de um dos filmes mais interessantes e originais e perturbadores dos últimos anos. Que vai ainda mais longe que o contemporâneo "Beleza Americana" na análise amarga e cínica da sociedade americana.

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