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Ficha completa do filme

Suspense

Na Companhia do Medo (2003)

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 1
Na Companhia do Medo

"A lógica é superestimada". É com essa frase lapidar que a personagem de Halle Berry praticamente encerra sua missão neste thriller de terror que foi merecido fracasso nos Estados Unidos. Acontece que sem lógica não há filme do gênero que agüente. Este aqui fica à beira do ridículo. Na verdade, no confronto final onde aquele que obviamente é o culpado começa a confessar seus outros crimes, um dos piores clichês do cinema, ocorre ainda a síndrome do culpado que conta tudo para que o espectador ficar sabendo de certos detalhes. Nesse momento eu já estava gargalhando (até então tinha ficado constrangido pela presença de atores ilustres e pelo prestígio do diretor francês Mathieu Kassovitz - "O Ódio", "Rios Vermelhos" - também ocasional ator como em "Amélie Poulain").

Este foi seu primeiro filme norte-americano e a produção é de dois nomes famosos: Robert Zemeckis e Joel Silver, que envolveram dois estúdios no projeto, Warner e Columbia. Tudo isso para se fazer a pergunta: será que ninguém leu antes o roteiro? Será que não viram que a história era ruim, que não tinha lógica? Que era absurdo em detalhes (uma psiquiatra renomada como aquela jamais seria presa daquela maneira e nem naquele hospital junto com antigas pacientes) e em toda a trama (que é repleta de banalidades e lugares comuns além de não trazer personagens suficientes para levantar falsas suspeitas? A resolução também não convence. Kassovitz ao menos consegue manter um certo clima de sonho e pesadelo, fugindo do realismo e partindo para uma direção de arte que ao menos tenta ser gótica. Tenta mas não consegue.

Halle Berry (se esforçando para não ficar bonita, o que por vezes consegue) faz uma psicóloga de uma prisão para mulheres, que é casada (com o mais velho e feio Charles Dutton - o que de cara não faz sentido) e acusada de ter matado o marido. Quando um colega não a ajuda (Robert Downey Jr, num papel que é nada), ela passa a ter pesadelos horríveis onde enxerga uma garota que aparentemente toma conta de seu corpo. E no fundo, o filme é uma enrolação elaborada para não assumir logo de vez que se trata de uma história de fantasmas, onde se coloca em conflito a racionalidade dos psiquiatras e a evidência da paranormalidade. Penélope Cruz (melhor que de costume) faz uma paciente que aparentemente também é vítima de possessões. Se a direção não é ruim, explorando os possíveis momentos de terror, também é impessoal (uma falada cena de nudez no chuveiro coletivo em que Penélope e Halle teriam recusado em ficarem nuas na verdade traz Halle em nudez parcial - sem seu famoso busto). Ou seja, não há mesmo motivo para perder tempo com o filme.

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