Não É Você, Sou Eu (2004)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 3

Outro bom filme da Argentina. E essa frase vem se tornando rotina. Mas junto vem a reclamação freqüente, porque como média, os filmes deles são melhores do que os nossos. Em parte, porque só vemos aqui a nata, o que fazem de melhor. Então a impressão pode ser errada.

Por outro lado, mesmo em uma fita de estreante como esta, pode se sentir a qualidade do roteiro (todos os personagens são humanos, críveis, com qualidades e defeitos, dá para você acreditar que eles existem), dos atores (sempre excelentes) e do resultado. Talvez possa ter algum problema de ritmo, seu humor é sutil (e o público as vezes fica tímido e não sabe rir como deveria).

Sua história também não é propriamente original (principalmente na resolução). Mas eu fiquei satisfeito e contente de ver uma boa anedota, muito bem contada. Aqui se fala de um médico cirurgião, feito por Diogo Peretti, que não conhecia e por isso não dá para julgar se está compondo um tipo ou é assim mesmo. De qualquer forma, ele tem uma cara esquisita, nariz aquilino mas nunca exagera ou faz caretas. Ele dá ao personagem uma notável característica portenha.

O problema maior é que mesmo sendo cirurgião, que se comporta de maneira abobada (um médico saberia como cuidar de uma cadela prenha e ao menos saberia diferenciar entre fêmea e macho, por mais que estivesse abalado. Tampouco com todo seu estudo seria tão ingênuo, mesmo em crise).

Enfim, esse médico Javier larga tudo, emprego, casa, compromissos, para ir para os EUA viver com a namorada como emigrante, com quem se casa por causa disso. Só que, chegando lá, ela muda de idéia justamente quando ele está indo para o aeroporto.

Sem nada, sem perspectivas, ele fica se lamentando da traição e não consegue reconstruir sua vida. Será que é difícil mesmo fazer um filme onde o herói é um chato? Porque é verdade que o filme se arrasta um pouco, mas de alguma maneira ele me cativou e me fez acreditar naquelas situações e resoluções.