Narciso Negro (1946)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 5

Uma obra-prima do cinema britânico, realizada pelos diretores de "Sapatinhos Vermelhos" e durante muitos anos esquecida (Martin Scorsese foi grande admirador e defensor de Powell).

Foi premiado com Oscars de Fotografia (para Jack Cardiff, que também ganhou Oscar especial pela carreira em 2001). Também ganhou Globo de Ouro de Fotografia, Atriz (Deborah) pelos críticos de Nova York. As duas categorias são excepcionais e renovadoras, a foto usa com maestria o sistema Technicolor (a cópia é boa e muito brilhante) e a direção de arte recria em estúdio um velho palácio na Índia (que foi antes bordel) e até as montanhas.

Há experiências com a cor psicológica (quando uma freira enlouquece e vai desmaiar, a tela toda fica vermelha e também com a câmera subjetiva). Sem falar no incrível bom gosto nos enquadramentos e composições. O filme foi muito ousado para a época (na América, cortaram os flash-backs da Madre Superiora).

Todo o filme tem um clima de sensualidade reprimida que impressiona ainda hoje. Paralelamente há o romance entre um príncipe (o famoso ator juvenil Sabu, de "Mowgli") e uma jovem mendiga (a belíssima e muito jovem Jean Simmons, um fenômeno de feminilidade). Visual e dramaticamente um filme inesquecível, para ser admirado e discutido. Nos EUA, saiu pela Coleção Criterion.