Drama

No Vale das Sombras (2007)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 3

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Há uma certa culpa coletiva no simpatizantes liberais americanos que os tem levado a realizar filmes analisando e condenando a participação dos EUA na Guerra do Iraque. Apesar do esforço político, todos têm sido invariavelmente mal recebidos e se tornado fracassos de bilheteria.

Este é o primeiro trabalho do Haggis depois de ter ganhado um Oscar de melhor filme por "Crash - No Limite". Dirigido de forma solene, é daqueles filmes que ainda utilizam símbolos densos para enfatizar o que querem dizer, como o titulo original, que é uma referencia ao vale onde Davi enfrentou e venceu o gigante Golias. Outra forte metáfora é a disposição da bandeira americana de cabeça para baixo.

É o primeiro filme a tocar na idéia de que esta guerra contemporânea pode ser registrada e gravada em celulares. É assim que um soldado (Tucker) se corresponde com seu pai, um ex militar (Tommy Lee Jones). Quando o rapaz, depois de um súbito sumiço, aparece morto, o pai decide investigar o caso e consegue a ajuda de uma policial bem intencionada - Charlize Theron, numa bela interpretação de uma mãe solteira desprezada pelos colegas pela difamação de um caso com o chefe.

Tudo é mostrado de forma bem sutil. Narrado com lentidão, e entremeado com as gravações que aos poucos vão sendo descobertas, o filme não ataca especialmente os militares ou o governo. O problema parece maior, como uma loucura que varreu qualquer sentido moral, num vale-tudo que pode ainda ter conseqüências muito graves.

Estranhamente, Haggis não nos dá nenhuma catarse. O corpo esta irreconhecível, a morte é brutal, mas o pai mal consegue reagir (a dor é mais externada pela mãe, numa das poucas cenas de Susan Sarandon). E mesmo ao final, não há soluções simples. Tommy Lee teve merecida indicação ao Oscar de melhor ator.