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Ficha completa do filme

Drama

Noites Brancas (1957)

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 4
Noites Brancas

Realizado entre "Sedução da Carne" e "Rocco e Seus Irmãos", esta adaptação de um texto curto de Dostoiévski, rodado quase em um único cenário e com elenco pequeno, poderia ter se tornado um filme menor, um passatempo do diretor entre duas obras-primas. Mas Lucchino Visconti era mesmo um gênio e produziu um clássico do cinema romântico, um filme cheio de lirismo e graça.

O trio central de atores ajuda muito. A austríaca Maria Schell estava inspirada e dá uma transcendência trágica à personagem, um dos pontos altos de sua carreira. Marcello Mastroianni dá a medida certa do jovem apaixonado, e o francês Jean Marais, como o amante ausente, imprime mistério e uma certa fatalidade ao papel, quase uma ponta de luxo.

A cenografia é um espetáculo à parte: o diretor de arte Mario Garbuglia recriou em estúdio um quarteirão da região do Livorno, com suas pontes e rios, e que, segundo as instruções de Visconti, devia parecer ao mesmo tempo muito realista e também um pouco falso, teatral. Isso, somado à trilha musical do maestro Nino Rota, conferiu ao filme um clima de sonho, delírio.

E, como em todos os filmes do diretor, não faltam crítica social e comentário político: a encantadora cena com jovens dançando ao som de rock'n'roll no bar, onde Mastroianni dança desajeitadamente para impressionar a garota, fala sobre a americanização da juventude italiana da época. E a fidelidade da moça ao seu sonho, seu apego apaixonado à utopia, pode ser visto como uma resposta à confusão então reinante entre os partidos de esquerda no país e que muito incomodava Visconti.

Vencedor do Leão de Prata no Festival de Veneza e há muito indisponível aqui no Brasil, "Noites Brancas" (originalmente traduzido como "Um Rosto Na Noite") é um grande trabalho que merece ser descoberto.

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