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Ficha completa do filme

Terror

O Abominável Dr Phibes (1971)

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 4
O Abominável Dr Phibes

O cinema fantástico tem seus adeptos. Mas até eles já estavam ficando desanimados diante dos subprodutos da Hammer, os únicos a explorarem o gênero sem o mínimo de originalidade. Foi quando no Brasil a Condor Filmes fez um acordo para a distribuição de fitas da American-International, que ainda dominava o mercado americano de "drive-ins" e fornecia os melhores filmes de terror, sexo e ficção-científica (mas para a família).

Foi a AIP que fez os filmes com motoqueiros, com a Turma da Praia (com Frank Avalon e Annette Funnicello), os "quickies", de Roger Corman, além de distribuir as produções de monstros japoneses e até russas. É através dela que chegou este cult de horror, tão brilhante que fez pensar num renascimento do gênero: "O Abominável Dr. Phibes".

Desta vez, criou-se um personagem original, Dr. Phibes, interpretado pelo indefectível Vincent Price, que era ainda o último astro vivo do gênero. Antes de tudo, Phibes é um exercício "camp", isto é, o "kitsch", o cafona, usado intencionalmente. Os cenários são "art-deco", como nos anos 20 e 30, com utilização de músicas de época (clássicos tocados por uma orquestra de bonecos) todas apresentadas nos momentos apropriados para acentuar a ironia ou a gozação.

Dr. Phibes reserva-nos várias surpresas. O protagonista é um organista internacionalmente famoso que se acredita ter morrido carbonizado num acidente. O filme começa com uma morte provocada por Phibes e sua assistente (Virginia North) com requintes de sutileza. Esta primeira vítima será morta por morcegos. E assim por diante: Terry-Thomas terá todo o sangue de seu corpo retirado em vários frascos, uma enfermeira morrerá devorada por gafanhotos, outro por uma chuva de granizo dentro de seu carro.

A polícia, desorientada, descobrirá finalmente o plano de Phibes - ele comete os assassinatos seguindo uma ordem determinada, igual as dez pragas do Egito. Isso para castigar aqueles que, segundo ele, mataram sua mulher, justamente uma equipe de médicos que nada pode fazer para salvá-la.

Os planos de Phibes serão perfeitos. É o maior mestre do crime desde Fu Manchu, mas muito mais sofisticado. Em sua mansão, ele executa concertos de órgão e cria toda a "mise-en-scène" para os crimes (depois de cada um deles, um boneco de cera é queimado). A direção de Robert Fuest consegue o tom certo: o humor sutil, que não leva nada a sério mas que usa originalidade e mau gosto intencional para provocar horror.

Fiel aos temas clássicos, Phibes não deixa de ser uma variação do "Fantasma da Ópera" e, no fundo, uma brilhante comédia (Price conclui o filme depois dos letreiros, dando uma risada sarcástica).

O sucesso foi merecido e Phibes voltaria em uma continuação inferior, "A Câmara de Horrores do Abominável Dr. Phibes" ("Dr. Phibes Rises Again", 1972, do mesmo Fuest) e no ano seguinte numa variação do tema, "As Sete Máscaras da Morte" ("Theater of Blood", de Douglas Hickox). Faz parte do box "Coleção Vincent Price".

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